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Brasil Não considerando o cheque especial e o cartão de crédito, juros menores que a inflação entram em cena no Brasil

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O novo índice supera a estimativa que já tinha sido divulgada pelo mercado financeiro. (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)

O Brasil sempre foi um país que ocupava as primeiras posições no ranking de juros no mundo. Por décadas foi assim. A situação mudou – não considerando o cheque especial e o cartão de crédito – a ponto de economistas começarem a ver espaço para termos taxas reais (descontada a inflação) próximas de zero e até menores, o chamado juro real negativo (inferior à inflação). Ele já é realidade para US$ 15 trilhões aplicados no mundo, mas ainda não no Brasil. As informações são do jornal O Globo.

Com o novo ciclo de queda da taxa de juros básica da economia, a que remunera os títulos da dívida pública, iniciado mês passado pelo BC (Banco Central), a taxa está em 5,5%, com juro real inferior a 1,5%, o menor patamar histórico. As explicações dadas pelo BC para o último corte de juros jogaram combustível na discussão: as previsões para inflação do BC estão abaixo da meta este ano e no próximo. Há economistas que acreditam que é possível trazer esse juro real a zero ou até menos. Outros dizem que a taxa pode cair mais, porém ficando acima da inflação. E este é mais um ingrediente no debate sobre as formas de acelerar a retomada mais lenta da História brasileira.

“A política fiscal ainda é contracionista (faz a economia crescer menos), portanto tem que usar basicamente a política monetária para reativar o PIB a curto prazo. Pode cair, gradualmente, até ficar negativo, não vejo contraindicação nesse movimento”, afirma o economista da FGV (Fundação Getulio Vargas) Sérgio Werlang, que era diretor do BC em 1999, ano em que foi implantado o sistema de metas de inflação e o uso dos juros para manter os preços sob controle.

Taxas menores estimulam o crédito. Nas empresas, juros mais baixos permitem que se tire do papel projetos de investimento. Nas famílias, as condições melhoram para a compra de bens duráveis. O Brasil está vivendo o segundo ciclo recente de corte de juros. O primeiro começou em 2016 e trouxe a taxa de 14,25% para 6,5%.

Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander, cargo que assumiu pouco depois de deixar a Secretaria do Tesouro Nacional que ocupou no governo Michel Temer, diz que não há espaço para juro zero no Brasil. Mas ela acredita que eles podem baixar mais, chegando a 4,5%, cerca de um ponto percentual acima da inflação prevista para este ano, por volta de 3,5%. Para ela, seria um impulso adicional, mas o caminho para o crescimento está nas reformas:

“O canal para ativar a economia é persistir nas reformas. O que a política monetária faz é suavizar os ciclos econômicos. Como temos uma inflação razoavelmente abaixo da meta, é possível conviver com taxas de juros de curto prazo mais baixas até que a economia se recupere.”

Werlang afirma que o canal de juros é mais eficiente para estimular a economia. Cita em artigo estudo do Itaú que mostra que, entre 2003 e 2008, uma redução de 1% ao ano nos juros aumentava o PIB em 0,6% no período. Entre 2015 e 2019, o mesmo corte levaria o PIB a crescer mais 1,2% ao ano.

O professor da PUC-Rio Luiz Roberto Cunha também não vê espaço para juro zero:

“Não estamos caminhando para isso. Quando a economia voltar a crescer, a infraestrutura avançar, a pressão inflacionária volta. Não tem como o juro cair para zero nem para 1%, como nos países desenvolvidos.”

Semelhança com Europa

Nilson Teixeira, sócio-fundador da Macro Capital Gestão de Recursos, defendeu em artigo no Valor, há duas semanas, juros reais próximos de zero. “Os fundamentos permitem a extensão da redução de juros iniciada no fim de julho para até 4% no segundo trimestre de 2020. Isso corresponderia a juros reais de curto prazo próximos a zero”.

Monica de Bolle, diretora de Estudos Latino-Americanos e Mercados Emergentes da Universidade Johns Hopkins e pesquisadora do Instituto Peterson de Economia Internacional, nos EUA, vê o País cada vez mais perto do juro zero:

“Não é impossível, é uma realidade muito mais concreta hoje do que jamais foi. Sem pressão inflacionária, os juros têm espaço para cair. Mesmo com a desvalorização do real, não há espaço para repasse cambial diante da fraqueza da economia.”

Monica vai mais longe, vê o Brasil vivendo situação semelhante à da Europa, onde a política monetária deixou de ter efeitos para ativar a economia. Naquele continente, os juros estão abaixo da inflação, mesmo assim a região não consegue crescer e aumentar a inflação. O envelhecimento e a baixa produtividade explicam o movimento. As pessoas tendem a poupar mais e deixam de consumir.

“Ultrapassamos o bônus demográfico, a pirâmide etária está mais gorda em cima e mais fina no meio, o espaço fiscal é pouco e essa população que não contribui para a Previdência passará a ser um ônus a longo prazo”, diz Mônica.

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https://www.osul.com.br/nao-considerando-o-cheque-especial-e-o-cartao-de-credito-juros-menores-que-a-inflacao-entram-em-cena-no-brasil/ Não considerando o cheque especial e o cartão de crédito, juros menores que a inflação entram em cena no Brasil 2019-09-29
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