Nesse domingo (9), o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que será “sempre leal” ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem foi ministro da Infraestrutura. Mas frisou que “nem sempre é possível concordarem em tudo”. A declaração foi feita dois dias após as pazes com o ex-chefe, que o criticou publicamente por apoiar a reforma tributária aprovada pela Câmara dos Deputados na quinta-feira (6).
Tarcísio participou de solenidade em homenagem aos 91 anos da Revolução Constitucionalista de 1932, data histórica para o Estado de São Paulo, pela resistência ao primeiro governo do presidente gaúcho Getúlio Vargas, iniciado em 1930. O evento foi realizado no obelisco “Mausoléu aos Heróis de 32”, no Parque do Ibirapuera.
Questionado pela imprensa sobre a polêmica com Bolsonaro, o governador colocou panos-quentes na situação. Afirmou, por exemplo, que já costumava divergir do então presidente na época em que ocupou cargo de primeiro escalação na administração fedetal (2019-2022).
Ele também falou do apaziguamento: “A conversa com Bolsonaro foi excelente, ele é um grande amigo. A gente pode divergir em algum ponto sobre a reforma, o que é normal. Não é possível concordar em tudo. Aliás, já era assim quando eu estava no comando do Ministério. Tinha situações em que discordávamos”.
Ele emendou: “Sempre procurei assessorar o governo da maneira mais respeitosa e mantive lealdade muito grande. Os pontos que coloquei sobre a reforma eu já havia colocado para ele em outros momentos. Então, está tudo bem. Sempre serei leal e grato ao ex-presidente”.
Cachimbo-da-paz
Levado por Bolsonaro e o cacique Valdemar Costa Neto a um encontro que, na quinta-feira, reuniu a bancada do PL para discutir o projeto da reforma tributária, Tarcísio de Freitas se viu isolado na defesa da proposta. E acabou ouvindo críticas duras dos aliados e do próprio ex-chefe – registros do embate foram vazados de propósito nas redes sociais para colocar a militância bolsonarista contra o governador.
Ainda no mesmo dia, com a reforma aprovada na Câmara, Tarcísio recebeu telefonemas de estrelas do empresariado, como Abilio Diniz, e foi defendido publicamente pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
No dia seguinte, com a repercussão negativa do bolsonarismo sobre o aliado, Bolsonaro telefonou para o governador e marcaram de se encontrar na parte da tarde, em Brasília, para apaziguar os ânimos.
Perfis de apoio a Tarcísio se apressaram em divulgar uma foto do encontro para reduzir a pressão sobre Tarcísio, que passou a ser cobrado por bolsonaristas a se posicionar de forma mais firme como uma liderança da direita bolsonarista e a demonstrar lealdade ao ex-presidente.