“Nem tem muita oposição aqui. A oposição é feita pela imprensa”, afirmou o ex-presidente Lula, durante seminário sobre democracia em seu instituto, em São Paulo. Bom, quanto à defesa da democracia é uma piada tão sem graça como a tal oposição feita pela imprensa. Na verdade, quase a totalidade da imprensa brasileira é financiada pelo governo federal e treme os dedos para digitar notícias. É preciso concordar, apenas, que existem algumas empresas que se mantêm independentes. O descontentamento de Lula é contra esses poucos veículos, que ousaram não aderir ao petismo.
Mas a fala de Lula dá o que pensar, quando reproduz a mais pura verdade sobre os adversários desses governos corruptos. Nunca antes na história deste país houve mensalão e petrolão. Nunca antes um governo teve ministro condenado e preso por corrupção. Nunca antes um partido teve sequer um – UM! – tesoureiro na cadeia por corrupção. Muito menos dois! A oposição no Brasil é uma piada. Não há sequer partido – UM! – que enfrente o petismo de modo compacto, homogêneo, firme. Todos têm cinturinha flexível de bailarina. Quando uns se põem eretos, outros dobram a espinha.
Para ser bem claro, não há um – UNZINHO SEQUER! – que faça oposição ao petismo como o petismo faria a qualquer governo de outro partido. E, se esse governo fosse corrupto, meu Deus! Até presidiário petista organizaria protesto no xilindró, para chamar os donos do poder de bandidos. O exército-acima-da-lei do MST tomaria conta das estradas, pararia o país, peito estufado, cheio de razão. Um governo com 10% de apoio, como o atual, devido às denúncias que espantam o país, seria confrontado com um processo de impeachment, como aconteceu com Fernando Collor, quando tinha 9% de apoio popular.
A oposição ao petismo deixou o povo na rua, mobilizado, mais de uma vez. Sequer desceu dos apartamentos para sentir o cheiro do povo no meio dele. Algumas figuras gravaram vídeos para publicar nas redes sociais, mantendo distância física dos brasileiros indignados. Não queriam vinculação com as manifestações para não dar discurso ao governo. Imagine se Lula, na oposição, abandonaria o povo no paralelepípedo, sem pai nem mãe, implorando por mudança, para negar discurso ao governo de plantão. Lula dispõe de todos os motivos para dizer que “nem tem muita oposição aqui”.