Quarta-feira, 18 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 13 de agosto de 2024
“O leite – e seus derivados – é a melhor fonte de cálcio para os ossos. Nós que cuidamos de pacientes com osteoporose nos preocupamos demais com essa ‘moda’ de eliminar o leite da dieta sem indicação médica para isso. Os prejuízos para a massa óssea são imensos” destaca o médico endocrinologista e presidente da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso), Sergio Maeda.
Reconhecido por seu alto valor nutricional, o leite é uma fonte importante de nutrientes, fundamental para uma dieta balanceada e o crescimento saudável. A disseminação de informações sem respaldo científico, especialmente nas redes sociais, tem gerado incertezas entre consumidores e profissionais de saúde, ocasionando essa mudança comportamental salientada pelo médico.
Por conta dos aspectos nutricionais envolvidos no consumo do leite de vaca, associações ligadas a nutrologia e nutrição publicaram recente consenso sobre o consumo de leite pelos humanos com base em evidências científicas.
A seguir destacamos os principais trechos deste consenso, que se refere ao consumo de leite para crianças a partir de um ano de idade (na impossibilidade de amamentação), adolescentes, adultos e idosos.
1) Consumo de leite de vaca
O leite de vaca é adequado para o consumo humano devido à capacidade evolutiva e adaptativa dos humanos.
Fonte relevante de proteínas, vitaminas e, principalmente, a principal fonte alimentar de cálcio.
2) Benefícios do consumo de leite nas diferentes fases da vida
Alta densidade nutricional, fornecimento de proteínas, cálcio e componentes funcionais.
Auxilia no crescimento e estruturação óssea na infância e adolescência.
Reduz o risco de osteopenia, osteoporose, doenças crônicas (diabetes, obesidade), doenças cardiovasculares, hipertensão.
Previne a sarcopenia (alteração da musculatura esquelética caracterizada pela redução da força e da massa muscular secundária ao envelhecimento), na senescência.
“Gestantes e lactantes também precisam de aporte de cálcio, preferencialmente por meio da alimentação, pois sem isso há importante prejuízo para o osso materno, inclusive, já atendi pacientes com fratura vertebral em razão da exclusão do leite na dieta da mãe”, contextualiza Maeda.
3) Relação entre leite de vaca e inflamação
Não há evidências científicas de que o leite seja inflamatório.
Estudos indicam que a ingestão de laticínios pode melhorar biomarcadores inflamatórios.
O consumo de leite só está associado a inflamações em pessoas com Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV).
4) Leite de vaca e intolerância à lactose
O consumo de leite de vaca não aumenta o risco de desenvolver intolerância à lactose.
Maior consumo de leite pode reduzir o risco de intolerância à lactose.
Intolerância autopercebida não confirmada clinicamente pode levar a perdas nutricionais.
Pacientes diagnosticados com intolerância geralmente toleram até 12 g de lactose sem sintomas.
5) Tipos de leite de vaca disponíveis no mercado
Diferenciados pelo teor de gordura: integral, semidesnatado e desnatado.
Adição/exclusão de nutrientes específicos ou tratamento térmico (pasteurizado, UHT).
Indicação para cada tipo de leite deve ser avaliada individualmente.
6) Segurança do leite de vaca UHT
Processo altamente seguro e validado desde o século XX.
Tratamento térmico seguido de resfriamento e envase em embalagens assépticas garante maior vida útil e segurança microbiológica.
7) Orientações para o consumo de leite de vaca
Importante em todas as fases da vida: infância, adolescência, gestação, adultos e idosos.
Recomendado por diretrizes internacionais e guias alimentares.
Inclusão na rotina alimentar dos brasileiros deve ser incentivada, salvo contraindicações.
“Vale lembrar que as orientações alimentares devem ser personalizadas, levando em conta as necessidades nutricionais e condições de saúde individuais. Mas o mais importante é acabarmos com essas informações sem respaldo científico e que acabam virando moda e prejudicando a saúde dos brasileiros”, finaliza o profissional.
Sobre a Abrasso
A Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso), representa a união das três principais sociedades médicas dedicadas ao estudo da osteoporose e do osteometabolismo no Brasil: SBDENS (Sociedade Brasileira de Densitometria Clínica), SOBEMOM (Sociedade Brasileira para Estudo do Metabolismo Ósseo e Mineral) e a SOBRAO (Sociedade Brasileira de Osteoporose).
Criada em 2011, conta hoje com cerca de 1.500 associados de diversas especialidades médicas, além de outros profissionais da área da Saúde que, juntos, têm a missão de difundir o conhecimento científico, estimular o ensino, a pesquisa e realizar ações preventivas da saúde junto ao público em geral.