Terça-feira, 01 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 30 de março de 2025
MP denunciou Marçal por conta de uma incursão realizada por ele, em que teria exposto cerca de 60 pessoas pessoas ao perigo no Pico dos Marins.
Foto: ReproduçãoO empresário Pablo Marçal, que concorreu à Prefeitura de São Paulo na eleição municipal de 2024, disse que a denúncia do Ministério Público da capital paulista (MPSP) contra ele é sem fundamento.
“Essa proposta de acordo é um absurdo, pois não há qualquer fundamento nessa denúncia”, afirmou em nota encaminhada à CNN.
Na última sexta-feira (28), o MPSP decidiu denunciar Marçal por conta de uma incursão realizada por ele, em que teria exposto cerca de 60 pessoas pessoas ao perigo no Pico dos Marins.
De acordo com o Ministério Público, o intuito do empresário na trilha era “mostrar a importância de se correr riscos para vencer e prosperar na vida”. A decisão se deu após a conclusão de que ele teria desprezado a “contraindicação dos guias e promoveu a subida ao Pico dos Marins mesmo com as advertências para recuar”.
“Todas as testemunhas ouvidas afirmaram que participaram da caminhada de forma voluntária, sem pagar nenhuma quantia, além dos guias contratados, e sem a liderança de ninguém, muito menos a minha”, continuou Marçal.
O empresário classificou a denúncia como “perseguição política”.
“Só reforça a perseguição política contra mim. Confio na justiça e sei que a verdade prevalecerá”, concluiu.
Entenda
A acusação foi motivada pela incursão liderada pelo empresário e ex-coach nos dias 4 e 5 de janeiro de 2022, quando ele esteve à frente de um grupo de 60 pessoas que tentou chegar ao topo do Pico dos Marins, na Serra da Mantiqueira, contrariando alertas sobre condições climáticas adversas.
A Promotoria de Justiça de Piquete, no entanto, propôs uma transação penal para encerrar o processo judicial. A medida está prevista em lei e é ofertada em casos de crimes de menor potencial ofensivo, prevendo pena inferior a dois anos. A condição para o acordo é o pagamento de 180 salários mínimos, que equivalem a R$ 273.240,00.
O crime de expor “a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente” está previsto no artigo 132 do Código Penal, com pena de detenção de três meses a um ano.
A atividade capitaneada por Marçal fazia parte de um curso vendido por ele sob o nome de “O pior ano da sua vida”. De acordo com o MPSP, o empresário desprezou a contraindicação dos guias e promoveu a subida ao Pico dos Marins mesmo com as advertências para recuar. A investida ocorreu fora da época recomendada, sem qualquer preparo e também sem equipamentos necessários para a trilha.
“Entretanto, na medida em que subiam a trilha rumo ao cume, a chuva aumentou, exsurgindo significativa neblina e vento forte, com pouca visibilidade, o que tornava o trajeto inóspito, permeado de lama e pedras escorregadias, afora o risco de hipotermia (algumas pessoas estavam com as vestimentas encharcadas sem peças de troca)”, diz trecho da denúncia assinada pela promotora Renata Zaros.
O Corpo de Bombeiros precisou intervir, em uma operação que durou 9 horas para resgatar 32 pessoas. O restante desistiu, no meio do caminho, de subir a montanha.
Durante a subida, prossegue a promotora, Marçal chegou a desdenhar de um guia contratado por ele que alertou sobre a inviabilidade de prosseguir subindo a montanha em condições adversas. “Contudo, o denunciado desdenhou dos avisos e chamou o guia de ‘covarde’, conclamando aos presentes que o seguissem”, afirma.
Após essa discussão, parte da excursão desistiu e 32 pessoas acompanharam Marçal na subida. O resgate aconteceu em uma madrugada de chuva e rajadas de vento. A ação dos bombeiros ocorreu sob protestos de Marçal. (CNN Brasil e O Globo)