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“Não imaginava que viraria presidente por essas vias”, diz Temer sobre impeachment de Dilma

Temer assumiu a Presidência após o impeachment de Dilma. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Durante entrevista ao programa Roda Viva, na noite desta segunda-feira (16), o ex-presidente Michel Temer negou que tenha se empenhado para dar um golpe no processo que levou ao afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). “O pessoal dizia ‘o Temer é golpista’ e que eu teria apoiado o golpe. Diferente disso, eu jamais apoiei ou fiz empenho pelo golpe”, disse o ex-presidente.

Aliados de Dilma referem-se ao impeachment como um golpe, sendo que Temer também foi criticado por supostamente ter atuado contra a presidente: “não imaginava que viraria presidente por essas vias”, afirmou. Em seguida, Temer foi questionado pelo jornalista Ricardo Noblat se “não havia conspirado nem um pouquinho?”. O ex-presidente reforçou que não.

Temer também disse acreditar que, se Lula fosse nomeado ministro da Casa Civil de Dilma em 2015, o impeachment poderia não ter acontecido. Após o então juiz Sergio Moro divulgar uma ligação entre Lula e Dilma, a nomeação do petista foi barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No telefonema, Lula e Dilma tratavam sobre o termo de posse para o cargo.

Ao analisar o cenário político atual e a chegada do presidente Jair Bolsonaro ao poder, Temer disse que não vê correlação com o impeachment de Dilma. “No Brasil, de tempos em tempos as pessoas querem mudar tudo. Foi assim na eleição do Lula. Eu não faço exatamente essa conexão [entre o afastamento de Dilma e ascensão de Bolsonaro]”, afirmou.

Ao ser questionado sobre sua avaliação a respeito do governo Bolsonaro, Temer respondeu com um autoelogio: “o governo Bolsonaro tem um ponto positivo. Esse ponto positivo, modéstia de lado, é porque ele está dando sequência a tudo aquilo que eu fiz”, disse o emedebista ao lembrar das reformas aprovadas pelo seu governo, como o projeto do teto de gastos e a reforma trabalhista.

Além disso, Temer também comentou sobre o comportamento de Bolsonaro no Planalto, considerado um tom informal que tem sido criticado, o ex-presidente limitou-se a dizer que “cada um tem seu estilo”. Para ele, os embates protagonizados por Bolsonaro não devem tirar a confiança de investidores estrangeiros no país. “O estilo é de conciliação. Eu jamais disse palavras agressivas em relação às pessoas. O estilo do presidente Bolsonaro é mais de confronto”, afirmou.

Temer comentou sobre os recentes processos que responde na Justiça e sobre possíveis abusos na decretação de sua prisão: “É possível poder decretar a prisão de alguém, quando se investiga e o Ministério Público denuncia. E só depois de o juiz receber a denúncia é que se ouve o acusado. No meu caso, não se fez nada disso. Se isso acontece comigo, você pode imaginar o que acontece com o cidadão comum”, disse o ex-presidente.

Réu em processo em São Paulo sob a acusação de lavar dinheiro de propina da JBS e Odebrecht por meio da reforma da casa de uma de suas filhas, Maristela Temer, o emedebista demonstrou irritação ao ser questionado sobre o caso. Ele negou que o coronel João Batista Lima Filho, antigo amigo dele e também réu na ação penal, tenha pago pela reforma. Disse, ainda, que sua filha vai esclarecer o caso à polícia.

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