O presidente eleito Jair Bolsonaro voltou a criticar a atual proposta de reforma da Previdência que tramita na Câmara dos Deputados. Apresentada pelo governo Temer, a reforma atual foi classificada de injusta pelo político do PSL durante visita a emissoras católicas no interior de São Paulo.
Bolsonaro não quis detalhar a proposta que será apresentada pelo seu governo, mas admitiu que a partir da semana que vem iniciará reuniões com líderes das bancadas para iniciar o diálogo com a próxima legislatura sobre esse e outros temas.
“Essa reforma que está aí não está sendo justa, no meu entender”, declarou. “Não podemos querer salvar o Brasil matando o idoso”. Questionado por repórteres sobre a sua própria proposta, ele evitou entrar em detalhes: “Se eu falar, vou acabar saindo daqui [da visita] muito tarde”.
Ele estava acompanhado do futuro ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, e de outros auxiliares. De Cachoeira Paulista (SP), onde concedeu entrevistas a jornalistas de emissoras de rádio e Tv com orientação cristã, seguiu para a cidade fluminense de Resende, na divisa com São Paulo.
Neste sábado, o presidente eleito participará da cerimônia de formatura da Academia Militar das Agulhas Negras, onde ele também se formou na década de 1970.
Composição ministerial
O político do PSL confirmou que o número de ministérios deve ultrapassar os 20 nomes confirmados até essa sexta-feira, mas destacou que está fazendo nomeações sem receber indicações de bancadas, ressaltando o lado técnico dos futuros ministros. Bolsonaro repetiu que seu governo não pode dar errado, alegando que, caso fracasse, o Brasil voltaria a ser governado pelo PT.
Em relação a um de seus principais aliados, o senador Magno Malta (PR-ES), Bolsonaro disse que não irá abandonar o congressista, que foi um de seus primeiros apoiadores mas que não conseguiu se reeleger para mais um mandato.
Apesar da onda bolsonarista no primeiro turno da eleição, Magno Malta teve a sua imagem desgastada pela repercussão de matérias na imprensa sobre envolvimento em acusações de pedofilia contra um homem que posteriormente acabou inocentado desse tipo de crime.
Bolsonaro admitiu, no entanto, que Malta provavelmente não fará parte de seu ministério, mas que conversará com o senador para encontrar uma função que possa exercer:
“Não fiz campanha prometendo absolutamente nada para ninguém. Pretendemos aproveitar as boas pessoas. Magno Malta é uma pessoa que me ajudou muito e eu respeito. Não vai ficar abandonado. Por outro lado, ele tem que participar do governo em outra função”.
O presidente eleito também comentou a indicação do futuro ministro das Minas e Energia, almirante Bento Costa Lima. Ele ressaltou o fato de, em suas conversas com o militar da Marinha, ter discutido a retomada do programa nuclear brasileiro, incluindo a continuação da construção da usina de Angra 3.
“O próprio indicado hoje é físico nuclear e entende com profundidade essa questão da física nuclear. Angra 3 é uma prioridade nossa. Não podemos deixar de implementar esse tipo de energia no Brasil”, finalizou.