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“Não posso passar por cima do Supremo”, diz Bolsonaro sobre as restrições de circulação determinada por governadores e prefeitos

Presidente defende reabertura do comércio. (Foto: Marcos Corrêa/PR)

O presidente Jair Bolsonaro disse nessa quinta-feira (7) que não pode “passar por cima do Supremo”, em referência à decisão da Corte que delegou a Estados e municípios determinarem medidas restritivas de circulação em função da pandemia de coronavírus. Bolsonaro, que é a favor da reabertura do comércio, respondeu a uma apoiadora que chamou de “palhaçada” o posicionamento de governadores e do Supremo Tribunal Federal (STF).

“A senhora falou aval do STF, verdade. Eu não posso passar por cima do Supremo. Inclusive, (os governadores e prefeitos) estão aumentando as medidas protetivas. Já está na casa de 10 milhões de desempregados formais no Brasil. Brasil não está em crise ainda por causa dos R$ 600, senão o pessoal tava com fome aí, fazendo…”, disse Bolsonaro, referindo-se ao auxílio emergencial pago pelo governo.

Assim como em outras ocasiões, o presidente procurou se desvencilhar do aumento do desemprego, que, segundo ele, é responsabilidade de governadores e prefeitos que determinaram a suspensão de atividades comerciais. Na terça-feira (5), Bolsonaro já havia afirmado que o desemprego havia chegado a um nível “insustentável” e que o auxílio do governo estava evitando uma onda de “saques e violência”. O presidente acrescentou que, se a atividade econômica não for retomada totalmente em dois meses, o País terá “problemas seríssimos”.

“Já estou vendo matéria na imprensa sobre o desemprego. Daqui a pouco vão dizer que eu sou responsável pelo desemprego”, afirmou Bolsonaro.

Visita

No mesmo dia em que afirmou não poder “passar por cima do Supremo”, em referência à decisão que deu autonomia para Estados e municípios estabelecerem restrições à circulação e ao comércio, o presidente Jair Bolsonaro foi à Corte acompanhado de ministros e empresários para defender a reabertura econômica do País.

A comitiva foi recebida pelo presidente do STF, ministro Dias Toffoli, que ouviu apelos para que o Brasil não se transforme em “uma Venezuela” e dados sobre redução de vendas e da atividade industrial.

O encontro foi transmitido ao vivo pelas redes sociais do presidente. O grupo percorreu a pé o trajeto entre o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal, o que provocou aglomerações em alguns momentos – a maior parte dos integrantes usava máscaras.

Ao longo do percurso, Bolsonaro chegou a se irritar quando um jornalista perguntou se o objetivo da visita era “pressionar” o STF, mas, durante e depois da reunião, deixou claro que o Poder Executivo vai agir para forçar uma mudança na política de isolamento social. Durante a reunião, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o presidente teve a ideia de ir ao STF para “compartilhar” o relator dos empresários.

“O presidente ao ouvir o relato do mundo empresarial, disse, olhe, vamos compartilhar isso com o Supremo, porque afinal de contas o combate é de todos nós brasileiros, principalmente dos Poderes.”

Na saída do encontro, Bolsonaro disse a jornalistas que havia assinado um decreto que tornava a construção civil uma atividade essencial, ou seja, que pode funcionar normalmente em meio à pandemia de coronavírus. Em mais um gesto em direção ao que classifica de “volta à normalidade”, Bolsonaro afirmou que lista de atividades essenciais será ainda mais ampliada nos próximos dias.

Churrasco

Contrariando as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde, o presidente da República, Jair Bolsonaro, planeja fazer um churrasco neste sábado (9) no Palácio da Alvorada. O evento deve contar com 30 convidados e pode ter um jogo de futebol com a participação de ministros e servidores. Os participantes vão ter que aderir a uma “vaquinha” para ajudar a custear o encontro, segundo o presidente.

“Estou cometendo um crime. Vou fazer um churrasco no sábado aqui em casa. Vamos bater um papo, quem sabe uma ‘peladinha’, alguns ministros, alguns servidores mais humildes que estão do meu lado”, contou a repórteres na entrada do Palácio da Alvorada.

Bolsonaro disse que deve haver 30 convidados e que vai fazer uma “vaquinha”, expressão usada para se referir a uma arrecadação coletiva, para custear o churrasco, mas sem bebida alcoólica.

“Vai ter vaquinha de R$ 70. Não vai ter bebida alcoólica senão a primeira dama coloca todo mundo para correr”, disse.

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