As campanhas aos governos estaduais se encaminham para o final sem que tenham sido referidas com alguma profundidade as causas para a crise financeira que enfrentam. A maioria não tem dinheiro para cumprir o mínimo necessário dos serviços. Ao mesmo tempo, há descaso histórico com o crescimento das dívidas. Significa que os governos estão no subsolo do fundo do poço.
Promessas repetidas
A situação de penúria e as fórmulas para sair dela deveriam ser o ponto central das campanhas. Alguns candidatos dizem que é preciso cortar benefícios e isenções fiscais. Seus partidos já estiveram no poder e não fizeram isso. Outros falam em tornar mais rígida a cobrança de impostos. Quando foram governo não puseram em prática. Fica a impressão de uma campanha comparável a um deserto de ideias. Resume-se ao bate-rebate, clima de beligerância e festival de acusações e desmentidos. Circunstâncias distantes do que deveria ser uma verdadeira campanha eleitoral.
No reino das distorções
As campanhas ficaram mais tumultuadas, este ano, com as notícias falsas. Muitos eleitores entraram na onda, acreditando e passando adiante os equívocos pelas redes sociais. Tomara que seja apenas uma febre e que, em 2020, quando haverá escolha de prefeitos e vereadores, surjam propostas mais objetivas e sérias para enfrentar a situação dos cofres vazios das prefeituras. Provavelmente, mais vazios do que estão hoje.
De mal a pior
Os candidatos também ficaram longe do que se denomina incultura geral nas escolas. Começa pelo desconhecimento da língua portuguesa e se espalha. Alunos de nível médio não sabem localizar em um mapa o país em que vivem, nem realizar as mais elementares operações aritméticas.
Bolsos vazios
A Federação das Associações de Municípios do Estado do Rio Grande do Sul (Famurs) iniciou, esta semana, pesquisa que ficará concluída em meados de novembro, revelando as condições das prefeituras para o pagamento do 13º salário do funcionalismo. Os resultados, em anos anteriores, foram desanimadores. A mesma entidade em Minas Gerais correu na frente. Ontem, seu presidente, Julvan Lacerda, revelou que 90 por cento dos municípios ficarão sem pagar em novembro e em dezembro, além do 13º salário. O grave problema decorre de atrasos constantes no repasse de verbas do governo estadual às prefeituras. Inclui recursos do ICMS, IPVA, Fundeb e da saúde. A dívida já ultrapassou 9 bilhões de reais.
Em céu de brigadeiro
Há exceções e a Prefeitura de Guaíba é uma delas. Em junho, 50 por cento do 13º salário foram pagos aos servidores municipais. Os professores recebem o piso nacional do magistério. O crédito da remuneração ocorre até o último dia útil de cada mês. Não é só isso. O prefeito José Sperotto tem promovido parcerias público-privadas para o asfaltamento de ruas, além de obras de drenagem, saneamento e iluminação. Atrair empresas é outra iniciativa que tem movimentado a Economia e gerado empregos.
A caminho de 2 trilhões
O placar eletrônico Impostômetro, na manhã de ontem, ultrapassou a marca de 1 trilhão e 900 bilhões de reais. Valor recolhido no país aos cofres públicos desde 1º de janeiro deste ano.
Dinheiro não falta, o que falta é gestão.
Mais oito dias
Foi ampliado até 1º de novembro o prazo de entrega das emendas parlamentares ao Orçamento.São demandas que chegam das bases eleitorais. Ficam reservados 15 milhões e 400 mil reais para cada senador e deputado federal, totalizando 9 bilhões e 200 milhões. Metade deve se destinar à saúde, como exige a Constituição.
O Brasil dos anos 80
Do jornal Clarin, de Buenos Aires: “O governo argentino recorreu ao FMI quando as outras fontes de financiamento secaram abruptamente. O organismo internacional respondeu com dinheiro fresco em troca de um programa de estabilização – déficit zero – que está provocando uma forte recessão e a perda de salário real dos argentinos.”
Definições
A expressão do mês é voto crítico. Melhor seria que os usuários confessassem logo: é o voto vacilante.
Plateia não se engana
A quatro dias das eleições, candidatos insistem na encenação da peça A Estratégia do Avestruz.