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Política “Não vai haver retaliação”, diz ministro Fernando Haddad sobre tarifas de Trump

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Haddad afirma que a orientação do presidente Lula é negociar com a Casa Branca.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Haddad afirma que a orientação do presidente Lula é negociar com a Casa Branca. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou nesta quarta-feira (12) que o governo continuará na mesa de negociação para tentar reverter a sobretaxa dos Estados Unidos sobre o aço produzido no Brasil. Ele descartou uma retaliação neste momento, por orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Nós não vamos proceder assim por orientação do presidente da República. O presidente Lula falou: ‘Muita calma nessa hora’. Nós já negociamos outras vezes em condições até muito mais desfavoráveis do que essa”, disse, reforçando o argumento de que a tarifa de 25% sobre o aço importado será prejudicial para a indústria americana.

O Ministério da Fazenda pretende produzir uma nota técnica sobre o assunto para auxiliar o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), pasta que comanda as conversas com os EUA.

Haddad falou com a imprensa após se reunir com representantes do setor siderúrgico, que levaram ao chefe da equipe econômica sugestões de medidas para proteger a indústria local, tanto do ponto de vista da exportação quanto da importação de aço que chega ao Brasil. O ministro classificou os argumentos da siderurgia brasileira como “muito consistentes” e rejeitou a acusação americana de que o País exporta aos Estados Unidos aço importado de outros países, numa espécie de revenda.

A sobretaxa imposta pelo presidente Donald Trump é de 25%, e o Brasil é um dos países mais afetados pela medida porque é o segundo maior exportador do produto para os EUA, atrás somente do Canadá.

A medida foi anunciada por Trump em 9 de fevereiro e entrou em vigor nesta quarta-feira. Além do aço e alumínio, há taxas de 25% de importação também para outros produtos, como cobre e madeira serrada.

Segundo Haddad, a indústria está preocupada e, em virtude da declaração tanto do vice-presidente Geraldo Alckmin, quanto de Lula e da Fazenda de que o Brasil irá tratar “na base da reciprocidade os entendimentos”, o governo vai colocar em primeiro lugar “a mesa de negociação”. Ele lembrou que as negociações já estão em andamento e que tiveram sucesso em momentos do passado recente. Em 2018, o Brasil conseguiu evitar a sobretaxa sobre o aço ao acordar uma cota de exportação para os americanos.

“Os empresários do setor estão imaginando formas de negociar com argumentos muito consistentes, porque o nosso comércio é muito equilibrado. O que a gente importa de aço não tem nada a ver com o que a gente exporta de aço. Nós exportamos produtos semiacabados e importamos produtos acabados, então não faz o menor sentido a ser acusado de reexportar o que nós estamos importando, não teria nem lógica esse argumento”, afirmou Haddad, segundo quem o governo começa a estudar as propostas do setor privado.

“Nós estamos acompanhando a evolução das medidas que os Estados Unidos estão tomando contra o Brasil, e na verdade não é contra o País, porque é estendido aos outros países, mas tem repercussão doméstica. Obviamente que essa taxação acaba encarecendo para o consumidor americano os produtos importados”, disse ainda o ministro, que lembrou das repercussões inflacionárias para os Estados Unidos, embora esteja sendo contratada uma redução de juros pelo Fed neste ano. “Então tem uma repercussão ruim também na inflação americana, embora esteja sendo contratada uma redução dos juros esse ano nos Estados Unidos, o que favorece por esse lado”, completou.

 

(Estadão Conteúdo)

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