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Colunistas Nazistas em SC

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Segundo a denúncia do MPF, o réu tinha consciência do caráter ilícito das publicações. (Foto: Polícia Civil/Divulgação)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O preconceito é filho da desinformação. Uma meia-verdade repetida mil vezes ganha foros de verdade inteira, uma informação duvidosa se transforma, de repente, em dogma e doutrina, premissa geral.

O estado de Santa Catarina, onde nasci e onde moro, deu uma votação maciça a Bolsonaro em 2018 e 2022. A meu juízo, não é coisa para nós, os catarinenses, nos orgulharmos. Mas ao mesmo tempo, isso não transforma SC em um estado simpatizante do nazismo, em que certos comentaristas procuram nos situar. Desse modo, aqui e ali, em número crescente aparecem referências ao estado como um centro de núcleos e células nazistas, ou neonazistas, em que proliferam cultores da suástica e admiradores de Hitler.

Balela, mentira, infâmia. O povo catarinense votou em Bolsonaro, mas antes já havia dado votações maciças a Lula, FHC, Ulysses, Dilma, Covas, Serra, Alckmin, Roberto Freire, Tebet, Haddad e Brizola. Já tinha eleito prefeitos de esquerda em Florianópolis, Criciúma, Brusque, Itajaí, Balneário Camboriú. Blumenau, Rio do Sul, Joinville, Chapecó, Lages.

O bolsonarismo é momentaneamente e infelizmente a facção política vencedora, mas um dia, e que seja o mais breve possível, será apenas uma lembrança ruim de um momento singular de nossa história.

Conheço SC como a palma da minha mão. Percorri durante longo tempo (mais de 20 anos) os municípios catarinenses. Jamais ouvi falar de um só e maldito nazi, de uma só célula ou núcleo nazi. Gente de direita, e da pior direita, sempre existiu. Mas duvido que tenha mais do que no Rio Grande, Paraná, São Paulo, Minas, Rio.

Ganha uma moto original alemã da BMW, daquelas com assento ao lado, que se vê com frequência em filmes da época nazista, montada por soldados cruéis, quem apontar o endereço de uma só célula nazi no estado catarinense. Ou elas estariam indicadas no Google Earth?

E no entanto, de tempos em tempos alguém cita o número de 320 células nazistas em SC, cerca de 30% das existentes em todo o Brasil, cujo número total seria de 1.117!. Só em Blumenau seriam 63!Não perguntem por detalhes. Os números saltam assim do nada, de um “estudo” obscuro, de uma fonte duvidosa.

Um observador atento lembra que tais núcleos nazistas não apareceram nem durante os 21 anos do regime militar que, sendo de direita, teriam razoável espaço de liberdade para mostrarem a cara, estabelecerem uma narrativa. Ficaram hibernando? Teriam eles se constituído e organizado somente nos últimos 5 ou 10 anos:? Isso não faz nenhum sentido.

Talvez seja pelo fato de que nazistas e bolsonaristas compactuem certos valores. Mas daí resulta um problema comum quando se força demais o argumento. Se bolsonaristas e nazistas catarinenses são os mesmos, então os nazistas de SC são os únicos do mundo que apoiam Israel e os judeus. Adolf se reviraria no túmulo.

O que desejo dizer é bem elementar: o número de nazistas, neonazistas, células e núcleos em cuja bandeira está exposta a cruz suástica, existem em Santa Catarina mais ou menos na proporção nas demais unidades federadas. Não somos melhores do que ninguém. E nem piores.

titoguarniere@terra.com.br

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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