As delegações de Rússia e Ucrânia vão retomar as negociações virtuais para tentar um acordo de cessar-fogo na guerra, nesta segunda-feira (21). A informação é do portal ucraniano Ukrainiskaya Pravda e a agência russa de notícias Tass.
Desde a última semana, as conversas não são realizadas presencialmente por conta dos problemas e da demora nos deslocamentos no território em guerra.
A Turquia garantiu neste domingo (20) que as delegações da Rússia e da Ucrânia conseguiram fazer vários progressos para por fim à invasão e estão próximas de um acordo de paz.
“É certo que não é fácil chegar a um acordo enquanto a guerra está em curso, enquanto os civis são mortos, mas queremos dizer que os avanços negociais estão progredindo. Vemos que as partes estão próximas a um acordo”, disse o ministro das Relações Exteriores de Ancara, Mevlut Cavusoglu.
Zelenski quer conversar, Putin não
Ibrahim Kalin, conselheiro do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, falou mais abertamente nos últimos dias sobre o estado das negociações. Em entrevista à Al Jazeera, ele disse que há um “consenso crescente” entre Rússia e Ucrânia em várias questões, incluindo a ideia de que Kiev concordaria com a “neutralidade” e não se juntar à Otan, e sobre a desmilitarização da Ucrânia.
Em entrevista ao jornal Hurriyet, Kalin indicou que os países estavam negociando seis pontos: a neutralidade da Ucrânia, o desarmamento e as garantias de segurança, a chamada “desnazificação”, o fim de obstáculos para o uso do idioma russo na Ucrânia, a situação da região separatista do Donbas e a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.
Os últimos dois pontos, porém, colocam os dois lados em distância nas conversas, e Putin não parecia disposto a encontrar Zelenski no momento dadas as lacunas, disse Kalin. “Zelensky está pronto para se reunir, mas Putin acha que as posições para essa reunião no nível dos líderes ainda não estão próximas o suficiente”, disse.
“Quanto mais tempo isso demorar, mais graves serão os danos para os militares russos e também para a economia russa”, disse Kalin. “Então, acredito que esses serão os fatores que entrarão no pensamento do presidente Putin em termos de quando ele cancelará isso.”
Ainda assim, o presidente da Ucrânia afirmou que está preparado para negociar o fim da guerra com Putin, mas descartou reconhecer a independência das repúblicas separatistas na região de Donbas e a soberania russa sobre a Crimeia, o que joga um impasse importante nas condições russas para uma negociação.
Em entrevista à CNN neste domingo, o presidente foi direto ao afirmar que não vai assumir “nenhum compromisso que afete a integridade territorial e a soberania” da Ucrânia.
“Temos que aproveitar todas as oportunidades para negociar e conversar com Putin. Se essas tentativas falharem, isso significará a terceira guerra mundial”, disse Zelenski. “Estou pronto para negociar com ele. Estive pronto nos dois últimos anos. Acho que, sem negociações, não podemos encerrar essa guerra”.
O líder ucraniano declarou estar disposto a qualquer formato de conversa com Putin, mas reafirmou seus pontos para negociar: “O fim da guerra, garantias de segurança, soberania, restauração da integridade territorial, real garantias para nosso país”.
O Kremlin, por outro lado, estabeleceu como condição para encerrar sua invasão que Kiev renuncie à adesão à Otan, reconheça a independência das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Luhansk e o controle russo da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.