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Política Nem os aliados de Simone Tebet nem os petistas creem que Marcio Pochmann no IBGE terá poderes capazes de alterar o rumo da economia

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Pochmann é professor na Unicamp e é presidente do Instituto Lula.

Foto: Divulgação
Marcio Pochmann falou da intenção de aumentar o quadro de funcionários e de repor perdas salariais de servidores (Foto: Agência IBGE Notícias)

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), cedeu a um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para nomear o economista Marcio Pochmann para a presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por entender que o órgão responsável por pesquisas como o Censo tem pouco valor no “mercado político”.

Seus colegas de MDB, partido de Tebet, quando informados da intenção do presidente, comunicada há 15 dias,  também avaliaram que a ministra não deveria resistir ao desejo do Palácio do Planalto.

A nomeação para a direção do IBGE (que é subordinado ao ministério do Planejamento) vinha sendo objeto de uma queda de braço que ocupou nos últimos dias as autoridades em Brasília.

Pochmann é professor na Unicamp, escola de linha econômica majoritariamente heterodoxa – que defende o aumento dos gastos públicos e a maior presença do Estado na economia. Ele também foi presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) entre o fim do segundo mandato de Lula e o começo do primeiro de Dilma Rousseff. Atualmente, preside o Instituto Lula.

Há sete meses, o cargo no IBGE estava sob o comando provisório de um técnico, Cimar Azeredo, que liderou a realização do Censo. O posto não havia sido ambicionado pelo MDB nem cobiçado pelo PT até o momento.

Tebet cogitava escolher um nome de peso da academia para dar verniz ao órgão. Mas Lula preferiu optar por Pochmann.

Conforme aliados de Tebet, como o presidente ainda não havia feito pedidos por cargos no Ministério do Planejamento, a concessão era o único caminho para a ministra. Eles afirmam acreditar ainda que o recuo ajude a adiar pedidos dos petistas, que poderiam, aí sim, desestabilizar a condução da política econômica.

Questionada sobre a indicação, Tebet disse que vai se reunir com Pochmann na próxima semana, e quer ouvi-lo a despeito das críticas de que é alvo.

“Não faço o prejulgamento, porque eu já fui muito prejulgada na minha vida profissional e política. Eu vou ouvi-lo primeiro”, disse após reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir o remanejamento de recursos do atual Orçamento federal. Ela afirmou ainda que terá “prazer em atender” ao pedido pessoal feito por Lula.

Mas a escolha foi alvo de críticas de economistas que apoiaram a candidatura de Tebet à Presidência em 2022, que veem Pochmann como muito ligado a ideias heterodoxas na área.

Petistas atribuem a escolha de Pochmann para o cargo à vontade do presidente de recompensá-lo por ter aceitado dirigir o Instituto Lula “na baixa”, antes da vitória eleitoral do ano passado. Desde 2020, Pochmann comanda o instituto e seu mandato se encerra neste ano.

Sem poderes

Nem os aliados de Tebet nem os petistas creem que Pochmann terá poderes capazes de alterar o rumo da economia, ainda mais após os bons resultados que o governo vem colhendo na área econômica, como a aprovação da reforma tributária na Câmara. Pochmann seria um observador a distância, esperam eles, reafirmando os poderes conferidos a Haddad neste momento – diferentemente do que aconteceu em sua gestão à frente do Ipea, marcada por concursos enviesados e expurgos de pesquisadores.

Em sua primeira publicação nas redes sociais depois de ter o nome indicado para o IBGE, Pochmann publicou a capa de um livro intitulado O professor é o inimigo: uma análise sobre a perseguição docente no Brasil. “Interessante abordagem de como opera a coalizão neoconservadora”, escreveu ele, no Twitter. O livro, publicado no fim de 2021, é de autoria de Pâmella Passos e Amanda Mendonça.

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