O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, afirmou nesta sexta-feira (19) que “nenhuma economia forte do planeta tem teto de gastos”. “O Brasil precisa fazer isso e, o tempo todo, afirmar que tem responsabilidade fiscal por erros que foram cometidos ao longo de muito tempo.”
A fala ocorreu no evento “O Equilíbrio dos Poderes”, organizado pelo grupo empresarial Esfera Brasil, do qual também participaram o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.
“Não ficamos satisfeitos quando temos recursos, temos dinheiro e somos impedidos de gastar por um teto de gastos sobre o aspecto da responsabilidade fiscal”, disse Lira, em meio às polêmicas sobre o orçamento secreto, emendas parlamentares cuja destinação não é mais conhecida desde 2019. O presidente Jair Bolsonaro manteve a previsão para esses pagamentos no Orçamento de 2023.
Lira disse que é “latente” a sensação de mudança no quadro econômico e de otimismo e defendeu ainda a aprovação de reformas para manter esse cenário, mencionando a reforma administrativa. “Talvez não seja ideal para o Brasil, talvez poderíamos ter uma realidade melhor, mas ela garantiria menos gastos, um estado mais leve”
O evento do Esfera Brasil foi planejado por meses e ganhou maior relevância após a reunião do presidente Jair Bolsonaro com embaixadores, no qual o chefe do Executivo atacou, sem provas, o sistema eleitoral brasileiro. No painel do qual participaram os quatro representantes dos três Poderes, eles também debateram o sistema eleitoral e a confiabilidade das urnas, afirmando a força das instituições brasileiras.
Erro
Lira (PP-AL), afirmou na última quinta (18) que considera um erro os ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral do país. Ele afirmou que o questionamento ao processo eleitoral “não faz bem” ao Brasil e ao próprio presidente da República.
Lira deu a declaração durante participação em um evento em São Paulo, promovido pelo banco BTG Pactual. Ele comentava sobre a cerimônia de posse do ministro Alexandre de Moraes na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – que foi prestigiada por um grande número de autoridades – quando foi indagado sobre a postura de Bolsonaro em relação às urnas.
O presidente da República tem feito ataques reiterados ao sistema eletrônico de votação, que começou a ser usado pelo Brasil em 1996. Recentemente, Bolsonaro convocou uma reunião com embaixadores e representantes diplomáticos de outros países, no Palácio da Alvorada, para repetir sem provas suspeitas já esclarecidas sobre urnas.
“O senhor acha que o presidente erra quando ataca as urnas, quando duvida das urnas?”, perguntou a entrevistadora.
“Acho [que é um erro]. Já disse pessoalmente, já disse a ele, já pedi, já falei, nós já votamos no Congresso essa questão [do voto impresso]”, respondeu o presidente da Câmara.
Lira se referiu à votação na Câmara que rejeitou e enviou para o arquivo uma PEC, defendida por Bolsonaro, que previa o voto impresso nas eleições, plebiscitos e referendos.