Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 4 de janeiro de 2023
O presidente venezuelano Nicolás Maduro disse, em entrevista transmitida no último domingo (1°), que a Venezuela está pronta para normalizar as relações com os Estados Unidos. A declaração ocorre em meio ao cenário de crise energética decorrente da invasão russa da Ucrânia, que impulsionou a demanda por novas fontes de abastecimento como alternativa à dependência europeia de Moscou.
“A Venezuela está pronta, totalmente pronta, para avançar no processo de normalização das relações diplomáticas, consulares e políticas com o atual governo dos Estados Unidos e com os governos que vierem”, disse Maduro em entrevista ao jornalista francês Ignacio Ramonet e à rede Telesur, transmitida pela televisão estatal venezuelana.
O governo de Maduro rompeu relações com Washington em 2019, quando a então administração de Donald Trump reconheceu o líder da oposição, Juan Guaidó, como “presidente interino” da Venezuela. Para forçar a sua renúncia, os EUA decretaram diversas sanções contra a Venezuela, incluindo um embargo ao petróleo produzido no país.
Embora formalmente mantenha uma política favorável à renúncia de Maduro por considerar sua reeleição em 2018 fraudulenta, o governo do presidente americano Joe Biden enviou delegados a Caracas em 2022 para se reunir com ele e negociar, entre outras coisas, a troca de prisioneiros. A própria “Presidência interina” de Guaidó foi encerrada na última sexta-feira, por iniciativa de três dos quatro partidos opositores que a apoiavam.
“Estamos preparados para o diálogo de mais alto nível, para relações de respeito, e desejo que uma auréola de luz chegue aos Estados Unidos da América, eles possam virar a página e deixarem essa política extremista de lado, chegando a políticas mais pragmáticas em relação à Venezuela”, disse Maduro.
O líder chavista elogiou a licença concedida pela Casa Branca ao gigante da energia Chevron para operar por seis meses no país, depois que delegados dele e da oposição venezuelana retomaram as negociações no México.
“Eu envio uma mensagem a todas as empresas: A Venezuela está de portas abertas, com condições especiais, para investimentos e para a produção”, afirmou o presidente venezuelano.
Maduro também disse que “as coisas estão progredindo bem” com a União Europeia, e que mantém “um diálogo permanente” com o chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell.
Presidente ilegítimo
Por sua vez, os Estados Unidos ainda consideram Nicolás Maduro um presidente ilegítimo, afirmou na terça-feira (3) o Departamento de Estado, que informou ainda reconhecer a autoridade do Parlamento venezuelano eleito em 2015, de maioria opositora e que recentemente dissolveu o “governo interino” do opositor Juan Guaidó.
“Nossa abordagem em relação Nicolás Maduro não mudou. Ele não é o líder legítimo da Venezuela. Reconhecemos a Assembleia Nacional de 2015”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.
Ele acrescentou que o governo de Joe Biden continuará aplicando sanções contra o governo venezuelano, mas que isso será constantemente avaliado “em função do que o regime de Maduro faça para promover a possibilidade de que o povo venezuelano alcance suas aspirações democráticas”. As informações são do jornal O Globo e da agência de notícias AFP.