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Nike x Adidas: fornecimento de material esportivo vira batalha à parte na Copa

A Nike é a grande vencedora da Copa do Catar, com o fornecimento para 13 equipes das 32 que iniciaram a competição. (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Dos modelos monocromáticos da metade do século XX, passando pelas inovações no desenho dos anos 1990 e chegando aos lançamentos ultratecnológicos de uns anos para cá, as camisas das seleções são capítulo importante do roteiro das Copa. Por trás dessa história há uma disputa milionária travada por gigantes do mercado de fornecedores de material esportivo.

No Catar, a americana Nike tem o que comemorar: veste 13 das 32 equipes, contra sete da Adidas, historicamente as duas maiores rivais. Brasil e Croácia, que se enfrentam na sexta-feira pelas quartas de final, bem como as classificadas Inglaterra, França, Holanda e Portugal, além das eliminadas Austrália, Canadá, EUA, Polônia, Catar, Coreia do Sul e Arábia Saudita, usam Nike. Do outro lado estão as equipes com a marca das três listras: Argentina, Bélgica, Alemanha, Japão, México, Espanha e Gales.

Mas nem sempre foi assim. Parceira de peso da Fifa, pois é quem produz as bolas e os uniformes dos árbitros da Copa, a Adidas dominou o mercado por um bom tempo. O Mundial da Alemanha de 1974 foi um marco do início desse embate comercial, com a entrada de grandes fornecedores de material esportivo e a supremacia da Adidas, que vestiu dez equipes, incluindo as finalistas Alemanha Ocidental e Holanda. Os modelos dessa época se eternizaram, tanto que até hoje são reproduzidos em versões retrô.

A popularidade dos modelos também se explica pelo visual clean proporcionado por uma regra comercial da Fifa. As marcas de material esportivo são, até hoje, as únicas que podem estampar as camisas das seleções nos Mundiais. Isso se dá para evitar concorrência com parceiros comerciais do torneio. Uma política que não dá sinais de mudança.

Em outro triunfo da grife alemã, a Argentina de 1986 foi a primeira campeã com uma logomarca estampada na camisa. Até então com tímida concorrência, como da inglesa Umbro e da francesa Le Coq Sportif, o domínio da Adidas só começaria a balançar em 1998, na Copa da França, com o desembarque forte da Nike no mercado, impulsionado pelo sucesso do Mundial de 1994, nos EUA.

Alta nas vendas

Antes focada nos esportes mais populares no país da NBA e da NFL, a Nike conseguiu fechar contrato com o então tetracampeão Brasil, mais Holanda, Nigéria, Coreia do Sul e os próprios EUA. Assim, na Copa da França, em 1998, eram cinco seleções contra sete da Adidas. O duelo quadrienal seguiria, com liderança da marca alemã. A exceção aconteceu em 2006, quando a também alemã Puma forneceu material esportivo para 12 times e se tornou dominante naquela Copa.

A virada da Nike, e até este ano sua única vitória, ocorreu em 2014, no Brasil, quando dez equipes envergaram sua logomarca, uma a mais que a Adidas, que na Copa seguinte reassumiria a liderança por margem estreita: foram 12 seleções contra 10.

Tanto investimento em busca de uma maior exposição numa Copa do Mundo costuma ser bom negócio. No primeiro trimestre do ano fiscal de 2018/19, que abrangeu a Copa da Rússia, a Nike registrou alta de 9% em vendas na Europa, na África e no Oriente Médio. Contribuiu para o aumento o fato de a decisão daquele torneio ter sido entre Croácia e França, ambas vestidas pela grife.

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