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Nilson Luiz May lança “Bosque da Solidão”. Este é o sétimo livro do médico cirurgião, que ele considera um de seus melhores trabalhos literários

O lançamento do livro será nesta quinta-feira (07) na sede da Unimed Federação, na Capital, a partir das 19h. (Fotos: divulgação)

Nesta rua, nesta rua tem um bosque. Que se chama, que se chama solidão. Dentro dele, dentro dele mora um anjo. Que roubou, que roubou meu coração”. Esta canção infantil marcou época, embalando brincadeiras de crianças da geração 1950. Pois agora, ela renasce na obra do médico Nilson Luiz May, tendo servido de inspiração inclusive para o título de seu livro, Bosque da Solidão, que será lançado oficialmente nesta quinta-feira, pela editora Scriptum, com prefácio e revisão de Carlos Gianotti e ilustração de Flávio Wild.

Em 248 páginas de uma narrativa que prende o leitor do início ao fim, pela trama instigante que cerca a jovem personagem sempre à beira do abismo, pelo olhar do filho, 20 anos depois dos acontecimentos que marcaram sua infância, a obra é, na visão do autor, uma de suas melhores produções literárias. Já são sete títulos publicados individuais e 11 antologias em conjunto com outros autores.

Entusiasmado pelo desafio de colocar sentimentos e emoções em cada página, após cinco anos de dedicação a esta produção, seguida de 11 revisões, ele folheia e em voz alta começa a ler a abertura de um dos capítulos finais: “E esse gosto amargo na boca. Não sei bem avaliar. Talvez não seja totalmente amargo. A saliva é grossa. O cuspe é espesso e gelatinoso. Não flui com rapidez. Não se desprende. Fica preso num filete que vai da boca até o ralo da pia. O queimor vem do estômago. Vomitar é difícil. Talvez melhorasse. Há um peso que martela a testa. Na região frontal, acima das sobrancelhas. Pam, pam, pam, ribombando com ritmo….”

O tema reflete angústias e tragédias humanas. Frutos da vivência do autor, desde cedo. Dos 14 anos aos 17 anos, lecionou em uma escola no interior do Estado, em Caxias do Sul, uma experiência que antecipou seu amadurecimento e visão crítica do mundo. Na sequência, foi para Lajeado, onde aos 23 anos já exercia a medicina, tendo que lidar com as mais adversas situações, enfrentando pacientes com deficiências em saúde física e emocional. Momentos que propiciaram ao autor desvendar comportamentos e alterações psicológicas e emocionais de pacientes que ele agora projeta neste seu novo livro, focado em distúrbios de alternância de humor, doença conhecida como bipolaridade.

Nilson Luiz May argumenta que dor e sofrimento estão presentes no cotidiano de todos nós e embalam a literatura de um modo geral, até porque, segundo ele, a vida não é um conto de fadas, sempre com final feliz. Crítico, exigente e sem abrir mão da autocensura, ele analisa sua trajetória no segmento e diz que “busco sempre uma literatura melhor”. Ideias e planos para novos livros não faltam ao médico cirurgião, mas por enquanto, os objetivos passam por divulgar esta nova obra, com tiragem inicial de 1 mil exemplares, e concorrer a concursos literários espalhados pelo País. Nilson May já foi premiado no Concurso Apesul – Revelação Literária em 1980. Em 1999 também conquistou reconhecimento ao receber o Troféu Amigo do Livro. Ele ocupa ainda a cadeira número 7 da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina e a cadeira número 10 da Academia Rio-Grandense de Letras. (Clarice Ledur)

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