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“Ninguém é obrigado a concordar com ninguém”, diz Lula sobre críticas à Venezuela e a Maduro

O presidente confirmou que se encontrará com o papa Francisco na semana que vem. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na noite desta terça-feira (30), em entrevista coletiva após reunião com presidentes sul-americanos, que “ninguém é obrigado a concordar com ninguém”. Lula deu a declaração ao ser questionado sobre as críticas à Venezuela e ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Antes da reunião, Lula teve, na segunda (29), uma conversa com Maduro. Em declaração pública, Lula alegou que a Venezuela é alvo de “narrativas”, em referência às afirmações de que o país é uma ditadura.

Após a reunião com os líderes sul-americanos, Lula foi questionado sobre o tema Maduro.

“O Maduro faz parte deste continente nosso. Houve muito respeito com a participação do Maduro. Ninguém é obrigado a concordar com ninguém. É assim que a gente vai fazendo”, respondeu o presidente.

Questionado sobre a discordância de outros presidentes, Lula afirmou que os líderes reunidos em Brasília não precisam necessariamente formar o “grupo dos amigos”.

“O fato de ter dois presidentes que não concordaram, não sei em que jornal eles leram. Eu disse que aqui não foi convocado reunião de amigos do Lula. Foi convocado uma reunião de presidentes para construir um órgão dos países”, afirmou.

“Sempre defendi a ideia de que cada país é soberano para decidir modelo político, coisas internas. A mesma exigência que o mundo faz para a Venezuela, não faz para a Arábia Saudita. É muito estranho. Eu quero que a Venezuela seja respeitada. Quero isso para o Brasil e o mundo inteiro”, continuou Lula.

O presidente também disse que o encontro discutiu se a região vai negociar como bloco ou como nações sozinhas.

Críticas

As declarações do presidente Lula questionando a existência de uma ditadura na Venezuela, sob alegação de que o regime de Nicolás Maduro é vítima de uma “narrativa” montada contra ele, atraíram fortes reações de alguns dos 11 presidentes sul-americanos.

Sem citar Lula, o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, de direita, afirmou estar surpreso em ouvir que seria uma “narrativa” a ideia de que a Venezuela não é democrática, enquanto o presidente chileno, Gabriel Boric, de esquerda, afirmou que não se pode fazer “vista grossa” ao que ocorre no país governado por Maduro. Já em seu discurso no encontro, o presidente do Equador, Guillermo Lasso, afirmou que, “independentemente de diferenças ideológicas, devemos nos comprometer a revitalizar a integração visando um regionalismo no qual prevaleça a democracia”.

“Não existe democracia onde existem presos políticos, onde existe diáspora de mais de sete milhões de cidadãos, muitos dos quais foram acolhidos em nosso país”, afirmou Lasso sem transmitir seu discurso ao vivo nas redes sociais.

O Equador é um dos países da região para onde mais imigram os venezuelanos, juntamente com Colômbia, Peru, Chile, Argentina e, cada vez mais, o Brasil.

O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, confirmou uma fonte de seu governo, mencionou em uma de suas falas os relatórios sobre violações dos direitos humanos cometidas na Venezuela elaborados, entre 2020 e 2022, pela equipe da ex-Alta Comissária da ONU, a ex-presidente chilena Michele Bachelet.

No último documento apresentado por Bachelet antes de deixar o cargo, em meados do ano passado, sua equipe relatou o que ouviu em 21 prisões espalhadas pelo país, onde estão detidos 259 presos políticos.

De acordo com as mesmas fontes paraguaias, Abdo Benítez também defendeu a necessidade de eleições limpas em todos os países da região, e a alternância no poder, afirmando que em um dos países presentes no encontro isso não acontece.

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