Quinta-feira, 07 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 7 de novembro de 2024
É a maior queda percentual desde 2009, quando o Brasil emitiu a menor quantidade da série histórica iniciada em 1990.
Foto: Ralf Vetterle/PixabayO Brasil registrou queda de 12% nas emissões de gases estufa em 2023, que é considerada a maior queda em 15 anos. Os dados foram divulgados pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG), nesta quinta-feira (7).
Conforme o estudo, no ano passado o País emitiu 2,3 bilhões de toneladas de gases estufa (algo equivalente às emissões anuais de aproximadamente 540 milhões de carros comuns), enquanto em 2022 o número foi de 2,6 bilhões. É a maior queda percentual desde 2009, quando o Brasil emitiu a menor quantidade da série histórica iniciada em 1990.
O principal responsável pela redução foi a queda do desmatamento na Amazônia durante o governo Lula, após as sucessivas altas no governo Bolsonaro. O dado mais recente divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nessa quarta-feira (6), mostra que o desmatamento caiu 30% na Amazônia.
Apesar da queda, as emissões de gases estufa aumentaram nos outros biomas em 2023: 86% no Pantanal, 23% no Cerrado, 11% na Caatinga e 4% na Mata Atlântica. Além da Amazônia, o Pampa registrou 15% de queda, mas o bioma é responsável por apenas 1% do total de emissões.
Veja os destaques da pesquisa:
– Do total das emissões brutas em 2023, 98% vem do desmatamento, com 1,04 bilhão de toneladas de gases estufa emitidos.
– O Brasil é o quinto maior emissor do mundo, responsável por 3,1% das emissões globais. O país fica atrás de China (26%), EUA (11%), Índia (7%) e Rússia (4%).
– As mudanças do uso da terra respondem pela maior parte das emissões brutas do país em 2023, com 46%. Depois, vem o setor da agropecuária (28%), energia (18%) e resíduos (4%).
– Os cinco Estados que mais emitem gases estufa são: Pará (13,6% do total), Mato Grosso (13%), Maranhão (7,6%), Minas Gerais (7,4%) e São Paulo (6,7%).
As mudanças do uso da terra foram responsáveis pela maior parte das emissões brutas do País, representando 46% do total (em 2022 o número foi de 48%). Apesar disso, o setor teve uma queda de 24% nas emissões. Essas alterações no uso da terra do planeta tem a ver com o desmatamento e a conversão de ecossistemas naturais em áreas agrícolas ou urbanas, que estão destruindo habitats e afetando a regulação climática.
O setor agropecuário teve o seu quarto recorde consecutivo de emissão de gás carbônico (CO2), com 2,2% de aumento em 2023. Foram cerca de 631 milhões de toneladas de CO2, contra 617 milhões em 2022. O aumento é gerado pela ampliação do rebanho bovino, uso de calcário e fertilizantes sintéticos nitrogenados.
Na agropecuária são contabilizadas as emissões provenientes da digestão dos animais, que emite metano e da queima e manejo dos resíduos agrícolas de alguns cultivos.
“Somando as emissões por desmatamento e outras mudanças de uso da terra para produção agropecuária com as do setor agropecuário, conclui-se que a atividade agropecuária responde por 74% de toda a poluição climática brasileira”, diz a pesquisa do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG).
Outros setores também registraram aumento no ano passado: energia (1,1%) – 420 milhões de toneladas de CO2 emitidas – e processos industriais (0,9%) – 91 milhões de toneladas.
“Os setores de energia e processos industriais só tiveram um tímido aumento de emissões, porque houve redução das emissões nas atividades de indústria e de geração de eletricidade, apesar do recorde de transporte em toda a série histórica. As emissões de transporte só não foram maiores devido ao recorde de consumo de biodiesel” Ingrid Graces, pesquisadora do Iema, organização responsável pelo cálculo de emissões de energia no SEEG.