O AgroSeminário Brasília 2016, realizado na última semana pelo Instituto de Educação do Agronegócio (I-UMA), no Hotel Royal Tulip, tornou-se uma agenda prioritária na capital federal para as lideranças que pensam o futuro do agronegócio brasileiro nas esferas governamentais, no legislativo, no setor rural e no âmbito acadêmico e da pesquisa.
Na abertura do encontro, que teve como tema AGROSSOCIEDADE – A Gestão do Conhecimento e da Inovação – Os Desafios para o Desenvolvimento Sustentável, o presidente do I-UMA, José Américo da Silva, eleito por três vezes consecutivas uma das 100 personalidades mais influentes do agronegócio, destacou pontos-chaves que precisam ser enfrentados no mundo para que até 2050 o setor possa atender uma demanda que deverá dobrar de tamanho com o aumento de dois ou três bilhões pessoas no planeta.
“Para garantir que todos os sete bilhões de pessoas vivas hoje sejam adequadamente alimentadas e que possamos dobrar a produção de comida nos próximos 40 anos precisamos urgentemente melhorar a produtividade no campo, aumentar a eficiência do uso e consumo de água e reduzir o desperdício na produção e na distribuição de comida”, destacou. “Podemos alimentar o planeta sem destruí-lo se focarmos muito forte nas práticas de gestão, em novas tecnologias de sementes, na ampliação da informação e da conectividade via web e banda larga e permanecermos lutando pelo aumento de financiamento público para a pesquisa”, argumenta.
O mineiro José Dória, secretário de Mobilidade Social, do Produtor Rural e Cooperativismo do Mapa, na ocasião representando o ministro Blairo Maggi, reforçou o tema do Agroseminário: “ o principal insumo que a agricultura brasileira deve ter hoje é o conhecimento. Se nós pegarmos terra, capital e trabalho e se junto a eles nós não colocarmos a tecnologia teremos alguém na terra empobrecido, uma terra que não vai ter produção, que não vai ter produtividade. A inovação e as novas tecnologias são fundamentais para um país que produz mais de 200 bilhões de toneladas de grãos, pois isso faz com que tenhamos a responsabilidade de termos a segurança alimentar no País e no mundo”, disse.
Sobre o Programa de formação em gestão Agroeduc, lançado pelo I-UMA no evento, Dória elogiou a simplicidade e o alcance do projeto. “O Agroeduc vai ensinar jovens e adultos a comandar com mais eficiência os seus negócios no campo. O empreendedor rural, por meio de um jogo, vai simular a gestão da sua propriedade, com dados reais do seu mercado, podendo avaliar com mais exatidão os passos que precisam ser dados para melhorar seus resultados e todos os processos da gestão”, comenta.
Em sua apresentação registrou a importância da presença do Mapa “em um evento com tantos ícones do setor”. “O ministro desde que assumiu a pasta está dando uma injeção de modernização para fazer jus ao que a agricultura tem feito há anos para o equilíbrio nas contas do País. Em missão no exterior já visitou mais de 15 países para articular negócios e parcerias que estão trazendo muitos dividendos. E em cada um deles, está mostrando que em vários quesitos, principalmente nos ambientais, o País está muito avançado”, complementou. Para concluir, destacou: “O ministro agradece a iniciativa de todos e disse que podem contar com ele, que esta disposto a preparar o Brasil para o que vem no futuro”.
O gaúcho Caio Rocha, secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, foi outra presença que deixou a sua contribuição no Agroseminário Brasília 2016, representando o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra. “Falar em segurança alimentar e tecnologia neste evento é da maior importância. O Brasil produz mais de 200 bilhões de toneladas de grãos. Se nós fossemos dividir isso por cada um dos brasileiros, nós teríamos mil kg por pessoa. O nosso desafio é alimentar até o ano de 2050 cerca de 9 bilhões de pessoas, considerando toda a logística de questão da renda, terra, água, gente e tecnologia. E isto o Brasil tem. Quando se fala em segurança alimentar, falo em mais de 15 milhões de famílias e muitas delas não conseguem se alimentar no dia a dia e isso não é problema do setor agrícola, isso é um problema social que nós temos e é uma política que nós temos que construir cada vez mais junto ao setor agrícola, o fortalecimento do trabalho agrário, a agricultura familiar e a agricultura empresarial. Para mim a agricultura não tem tamanho, a agricultura é uma só. Em nome do ministro Osmar Terra, um abraço a todos que estão lutando pelo setor agrícola”.
A senadora gaúcha Ana Amélia Lemos, presidente da comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, acentuou a importância da sustentabilidade para o atendimento à crescente demanda de alimentos. “A agenda do desenvolvimento sustentável é permanente. Quanto mais o mundo precisar de comida maior será nossa preocupação com a sustentabilidade. Eu gostaria de lembrar um aspecto relevante, de que 68% de toda a produção agro brasileira é tecnologia, é inovação. Pouco nos damos conta dessa relevância. A tecnologia veio para melhorar as condições de competitividade e de produtividade, utilizando uma área menor sem precisar derrubar árvores, produzir mais e melhor. Hoje, a Ciência e todos os setores do agro estão preocupados com a qualidade e a sustentabilidade da produção, pelo aumento de valor agregado e com a saúde da população que consome os produtos”, defendeu.
“Este evento organizado pelo I-UMA sobre a chamada Agrossociedade é de alta relevância, pois hoje o campo brasileiro, só pra falar na nossa realidade, está levando o Brasil nas costas. Ele não só se encarrega de assegurar o abastecimento interno de comida, nosso café da manhã, almoço e janta, mas mais do que isso, ele também está fazendo a geração de superávits comerciais, porque somos hoje grandes protagonistas da exportação de uma cadeia produtiva que começa com a soja e segue pela carne, suco de laranja, açúcar, tabaco, entre outros.
Esse superávit comercial de alguns bilhões de dólares é o que está mantendo o Brasil no topo e fazendo com que o País não tenha uma crise ainda maior”. Ao encerrar a sua participação, destacou que o agro , depende de dois “c”, clima favorável e câmbio favorável. Favorável para quem exporta ou importa? Eu prefiro para quem exporte, porque entram mais reais no bolso dos agricultores. Porque os produtos que nós ainda dependemos de importação como é o caso de fertilizantes, algumas moléculas de defensivos, nós importamos. Então para importar custa mais caro. E para 2017, espero que o efeitos El Niño sejam menos negativos, já que passado recente tivemos problemas graves, especialmente no sul do país, com chuvas em excesso na hora da colheita do trigo, da soja e do milho, entre outros. Então eu desejo que no próximo ano tenhamos boas notícias e boas safras”, conclui.
Para Vitor Hugo de Oliveira, chefe da Secretaria de Negócios da EMPRAPA, o grande desafio no tema da sustentabilidade é como o Brasil vai encontrar caminhos para desenvolver sustentabilidade e ao mesmo tempo manter o seu protagonismo como grande player na produção mundial de alimentos. Hoje já temos uma produção preocupada com menor emissão de gases de efeito estufa, menor nível de desmatamento na pecuária, principalmente na bovinocultura, e cerca de 11,5 milhões de hectares cultivados com sistema integrado de lavoura, pecuária, florestas, quase metade desta área está concentrada no Brasil Central. Outros caminhos são algumas tecnologias que a própria EMBRAPA desenvolveu ao longo dos anos e que representam uma economia substancial quando se pensa em termos de adubação nitrogenada. Por meio da fixação biológica de nitrogênio, o Brasil teve uma economia acumulada de cerca de 200 bilhões de reais. Somente em 2015, estima-se que essa economia foi em cerca de 12,5 milhões de reais. São desafios que vêm sendo vencidos. O Brasil se comparado com outras potências agrícolas mundiais se destaca em sustentabilidade”.
Em meio aos agradecimentos da presença de um grande número de autoridades de diferentes segmentos, entre eles a Embrapa, seis embaixadas, Conab, CAPES, IBAMA, Agência Nacional de Águas, Sebrae Nacional, ANVISA, Pacto Global da ONU, Apex Brasil, FAO/ONU, de instituições financeira como a CEF e o Sicredi, de secretários e governadores de outros Estados, de entidades como a UBRABIO, ABRAMILHO, ANDAV, ASBRAER E EMATER, APROBIO, Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, ABZ ABELHA ,CONTAG, de universidades e de empresas como a Syngenta, o presidente do I-UMA, José Américo da Silva, entregou uma placa comemorativa ao presidente da ASBRAER – Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural, Argileu Martins da Silva, pelo Dia Nacional do Extensionista Rural.
“Temos muito respeito e confiança no fundamental trabalho que a ASBRAER, com suas 27 entidades associadas presentes em todo o território nacional, presta aos mais de quatro milhões de agricultores no Brasil, em defesa de um modelo de desenvolvimento ambientalmente sustentável, economicamente viável e socialmente justo”, disse José Américo.
Argileu exaltou o trabalho da entidade: “A cada dia mais nós somos desafiados a produzir com sustentabilidade e é aí que entra o conhecimento, é o conjunto das Emateres, o conjunto dos extensionistas, que trabalham com o conhecimento, levando as pesquisas agropecuárias produzidas nas universidades, nos centros de pesquisa e na Embrapa, para que o agricultor possa acessá-las de uma maneira que ele compreenda. Então esse é o papel central do extensionista, é produzir inovação tecnológica no campo. Além disso, o extensionista também tem um papel nas suas Emateres de fazer com que as políticas públicas cheguem de forma qualificada nas comunidades, no municípios distantes do país. É bom lembrar que dos 30 milhões de crédito rural aplicados anualmente na agricultura familiar, mais de 90% deste montante passa pela mão de um extensionista em algum município brasileiro”, explicou o presidente da ESBRAER.
“É muito bom olhar para o nosso agronegócio que não é commodities, aí eu estou falando da batata, do tomate, da banana, da melancia, o Brasil depende muito do agronegócio e depende muito do seu abastecimento interno, depende muito da segurança alimentar, para que possamos ser uma nação desenvolvida. E nós sabemos que sem esse conjunto de produtores, assistidos pelas Emateres do Brasil inteiro, nós não teríamos a agricultura que temos hoje, ela é muito pujante, muito importante e exportadora, mas principalmente ela também garante o abastecimento interno. E, ao garantir, nós vamos lembrar que tem uma parte expressiva de alimentos que impactam a inflação. E se não é um extensionista da Emater trabalhando para que possamos ter grande produtividade nestes alimentos que impactam a inflação, talvez nossos salários estariam mais corroídos e a nossa economia estaria numa situação mais difícil se nós não continuarmos produzindo alimentos com sustentabilidade econômica, social e ambiental”.
O talk show mudou um pouco do tom o quando o microfone chegou às mãos do deputado gaúcho Heitor Schuch, presidente da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar: “Primeiro a gente precisa agradecer a oportunidade de poder vir aqui mostrar quem nós somos, onde nós estamos e o que nós fizemos. Em segundo lugar, esses fóruns de debates, de discussão de ideias dos diferentes setores é o que talvez mais falte para o Brasil ter a sua estratégia e ver onde quer chegar.
Temos que prospectar os mercados, correr atrás da tecnologia, descobrir as nossas vocações, ensinar as gerações mais novas, da onde que nós viemos porque o povo que não tem cultura, não tem história, não valoriza o que tem, é um povo pobre. Temos que avançar nisso para que esses que vêm depois de nós possam produzir mais e melhor, ocupar essas oportunidades, e fazer com que o País seja mais justo socialmente, melhor na parte econômica, na política, onde temos muitos problema. Agora nada cai do céu ou a gente faz ou se esperarmos os outros fazer por nós vamos passar o nosso tempo aqui e não vamos ter contribuído nem com o País e nem com as nossas gerações.
Na verdade dentro do Brasil temos muitos “Brasis”,o sul tem uma característica, a região Sudeste é diferente, Mato Grosso é totalmente diferente, o norte tem suas características, agora tudo isso esta debaixo do guarda chuva como sendo segmento da agricultura familiar que precisa de política pública, que quer o desenvolvimento econômico social, que quer que lá chegue também a internet para o o filho dele poder acessar as coisas que acontece no mundo, que precisa de energia elétrica com força porque se comprar um motor hoje essa luz tenha que tocar esse motor amanhã se não terá que comprar um gerador de luz. Na agricultura familiar não há dinheiro para tudo isso. Nós evoluímos muito menos do que outros extratos da nossa agricultura e hoje representamos 70% da produção de alimentos no Brasil.
Em seu pronunciamento, Schuch reclamou do projeto da reforma da Previdência, “que dá forma como está não tem chance de passar no Congresso”. O deputado do PSB luta contra as mudanças previstas na Reforma da Previdência, que amplia a idade mínima de aposentadoria dos agricultores para 65 anos. Enquadrados como segurados especiais, hoje os homens da roça podem acessar o benefício aos 60 anos e as mulheres com 55.
Uma das presenças mais esperadas do evento, o representante da FAO/ONU para o Brasil, Alan Bojanic, que saiu de um evento fora de Brasília especialmente para participar do AgroSeminário promovido pelo I-UMA, iniciou a sua fala parabenizando o presidente do I-UMA pela iniciativa. “Esse evento que já é uma tradição, muito aguardado por todos nós, então é impossível não poder estar presente”, disse.
“Eu vou começar falando do consumidor, o consumidor que agora virou uma questão estratégica. É importante lembrar que, cada vez mais, temos um consumidor mais exigente, um consumidor mais informado, até as crianças agora já sabem ler os lembretes “aqui tá faltando potássio, aqui tem muito sódio”. Então para justamente pensar nos grandes desafios temos que repensar a estrutura produtiva, pensando nas novas demandas, nas tendências do mercado”.
Segundo Bojanic, o consumidor exigente vai mudar os padrões de produção. “Sempre estamos falando disso e vamos continuar falando porque é o grande desafio da humanidade, que é produzir para mais de 2 bilhões de pessoas a mais que temos hoje. Estamos com 7,2 bilhões de habitantes no mundo e em 2050 teremos 9,3 a 9,5 bilhões de habitantes. Cada vez essas estimativas vão subindo”, explica.
“A FAO calcula que, no mínimo, vamos precisar de 60%, 70% a mais do que produzimos hoje. Somente falando em grãos, a produção atual é de 2,5 bilhões de toneladas, 60% a mais é quase 1,5 bilhão de toneladas. E a FAO espera que dessa projeção de 1,5 bilhão que precisa ser produzido em grãos, o Brasil responda por 40% deste total. Estamos falando de uns 500 milhões de toneladas, mais que o dobro da produção atual. Essa é a expectativa que temos no Brasil porque as condições são da agricultura tropical, de poder produzir três colheitas por ano, de temperatura, de solo, as terras disponíveis que o Brasil possui, são condições favoráveis. Junto a OSD, a FAO realizou um estudo em 2015 que aponta que a agricultura brasileira nos próximos cinco, seis ou sete anos será a maior exportadora mundial de alimentos.
O Brasil já deixou de ser um grande exportador de alimentos para ser o primeiro exportador em muitos temas como a carne e soja, no mínimo em termos de volume, em termos de valor aí é uma outra questão. Mas também esse é outro grande desafio da agricultura brasileira, como podemos agregar mais valor? Como podemos processar mais produtos para ter uma maior inserção no mundo global. O problema é que os recursos como muito bem foi sinalizado pelo Pablo é que temos menos água e solos degradados, problemas de biodiversidade, desmatamento, então para conseguir esse grande desafio que coloquei, sem dúvida temos que fazer uma agricultura sustentável nos padrões que foram bem sinalizados. A questão é onde que podemos conseguir essas práticas? O Brasil já tem desenvolvido há muito tempo plantios direto – lavoura, pecuária e floresta -, uma grande contribuição da EMBRAPA, que já tem 11 milhões de hectares sendo produzidos com esse sistema. Também temos muitos sistemas agroecológicos que estão funcionando. Eu acho que o tema agora é como podemos massificar o uso dessas grandes práticas para fazer da agricultura brasileira um modelo global. A sustentabilidade dentro dos objetivos de desenvolvimento sustentável não é só um conceito, tem muito a ver com práticas e também a ver com políticas alimentares e de segurança alimentar.
Temos a tecnologia, estamos desenvolvendo boas práticas, somos modelos nesse sentido, mas a questão é que esse grande modelo também seja exportado. Na África, o grande continente deficitário em alimento, mais da metade dos grãos são exportados, mas não só temos que ver a África como um grande mercado dos produtos brasileiros, temos que ver a África como um continente que também precisa do conhecimento. A questão da solidariedade é uma questão-chave para poder ter um mundo sem fome, ter um mundo sem pobreza. A contribuição do Brasil com outros países em termos de exportação de conhecimentos e boas práticas, também tem que estar dentro da produção sustentável, do desafio que tem de ter um consumidor satisfeito, de ter essa articulação de políticas”.
Alan Bojanic também destacou as questões das mudanças climáticas e o desperdício de alimentos, “o tema da redução das perdas, os produtores consigam reduzir muito mais o que perdido hoje por conta dessa infraestrutura de armazenamento das rodovias, da tecnologia que muitas vezes é o felizardo na colheita, como também o desafio de ter um consumidor muito mais ciente do desperdício de alimentos”, finalizou.
O setor empresarial foi muito bem representado pelo diretor corporativo da Syngenta, Pablo Casabianca, grupo global dedicado a estudos de pesquisa no setor agrícola, com mais de 29 mil profissionais distribuídos por mais de 90 países. “Vale iniciar a nossa participação destacando que a Syngenta investe mais de 10% das suas vendas em pesquisa e desenvolvimento, o que representa mais de cinco mil pessoas trabalhando para o agronegócio pelo mundo”, disse.
Segundo Casabianca, em 1940, um hectare de terra alimentava 19 pessoas; em 1960, 46 pessoas; em 1990, 129 pessoas e neste ano, 144 pessoas. Em 2050, quando a população deverá ter atingido o pico de 10 bilhões de pessoas no planeta, esse mesmo hectare precisará alimentar de 150 a 300 pessoas.
Nos relatos de indicadores da Syngenta, foi destacado que em 1991, o Brasil produzia perto de 59 milhões de toneladas, somando todos os produtos, e registrava uma produtividade de 1.500 kilos por hectare. Hoje, são 200 milhões de toneladas produzidas e uma produtividade de 3,5 kilos por hectare. “Com esses dados, os Brasil mostra que é possível aumentar a produtividade sem necessariamente ter que aumentar a base de volume de terra.
O ponto alto do seu pronunciamento foi a apresentação do The Good Growth Plan (GGP). “A Syngenta está empenhada em aumentar a produtividade agrícola para alimentar uma população global que cresce em 200 mil pessoas por dia”. Lançado em 2013, o plano engloba seis compromissos mensuráveis da empresa até o ano de 2020, para contribuir com o desafio da segurança alimentar global, que incluem o aumento da produtividade agrícola com eficiência dos recursos, rejuvenescimento dos ecossistemas e fortalecimento das comunidades rurais. “Definimos metas globais mensuráveis, que são auditadas anualmente pela PricewaterhouseCoopers (PwC) e para isso estamos trabalhando em parceria com outros atores – agricultores, instituições acadêmicas, ONGs, governos e outras organizações. E para promover a colaboração, publicamos nossos resultados com transparência e compartilhamos dados abertamente para que todas as partes interessadas possam se beneficiar do nosso aprendizado ao longo dessa nossa jornada”, explica.
“Dois anos após o lançamento do The Good Growth Plan, mais de 3.600 agricultores e e muitas organizações estão trabalhando conosco para levar adiante as metas definidas no Plano até o final de 2020. Resumidamente, os seis compromissos da Syngenta citados por Pablo incluem: 1) Tornar as culturas mais eficientes, aumentando a produtividade média das culturas mais importantes do mundo em 20% sem usar mais terra, água ou insumos. 2) Recuperar mais terras cultiváveis, melhorando a fertilidade de 10 milhões de hectares de terras cultiváveis à beira da degradação. 3) Aumentar a biodiversidade em 5 milhões de hectares de terras cultivadas. 4) Capacitar a 20 milhões de pequenos agricultores e permitir-lhes aumentar a produtividade em 50%. 5) Capacitar 20 milhões de trabalhadores agrícolas em segurança do trabalho, especialmente em países em desenvolvimento. 6) Cuidar de cada trabalhador, promovendo esforços em busca de condições justas de trabalho por toda a rede de cadeia de suprimentos da Syngenta.
“Para aumentar o ritmo da inovação e da transferência de conhecimento, temos colaborado com o Open Data Institute (ODI) e publicamos nossos dados agregados de referência e progresso para que todos possam acessá-los pela internet e utilizá-los gratuitamente. Isso nos coloca à frente da abordagem de dados abertos na agricultura, permitindo-nos levar a pessoas e comunidades ideias e soluções, de forma rápida e economicamente acessível. Dessa forma, nossos dados estão disponíveis para uma análise minuciosa, o que ajuda a garantir que sejam coletados e utilizados com rigor”, prossegue.
“É um fluxo de duas vias. Devemos ser capazes de vincular nossos dados agrícolas com outros de mesma natureza disponíveis em plataformas colaborativas de acesso aberto. Como parte desse esforço, participamos da iniciativa Dados Abertos Globais para Agricultura e Nutrição (GODAN, na sigla em inglês), um consórcio de empresas, governos e ONGs que trabalham para tornar dados agrícolas acessíveis e utilizáveis no mundo todo. Queremos trabalhar com o GODAN para utilizar melhor os dados abertos e, dessa forma, ajudar a criar percepções sobre o que permite às propriedades agrícolas otimizarem o uso de recursos escassos”.
“Este é um plano de negócios abrangente e com metas claras e desafiadoras. Estabelecemos objetivos ambiciosos intencionalmente – e estamos medindo e relatando os impactos de nossas ações. Acreditamos que com essa visão vamos mostrar um modelo de agricultura sustentável único e que está trazendo resultados extremamente positivos, que podem ser acompanhadas em nosso site”, concluiu Casabianca.
Lançamento nacional do AGROEDUC
O AgroSeminário Brasília 2016 também marcou o lançamento nacional do programa de educação e gestão a distância AGROEDUC, criado pelo I-UMA depois de três anos de estudos com uma equipe multidisciplinar formada por doutores, mestres e consultores em diferentes áreas. Neste primeiro momento, o curso de duração de dois meses, que simula a gestão de dois anos de uma propriedade rural, será aplicado em jovens da Cadeia do Leite, utilizando dados reais de mercado e ferramentas que estimulam a tomada de decisões para ampliar a qualidade do produto, a produtividade e a rentabilidade da Agricultura Familiar. As duas etapas do AGROEDUC – teórica e prática será customizada para todas as demais cadeias do agronegócio.
O grande diferencial é a utilização do Agribusiness Game, um jogo virtual que simula com parâmetros reais a gestão de uma propriedade rural. Quando o aluno inicia o game – depois de cumprir a primeira etapa do curso do conhecimento teórico – ele é estimulado a tomar decisões no agribusiness game, analisando indicadores, tendências do mercado do leite, simulando questões como preço, comercialização, finanças, compra de insumos, recursos humanos, manejo do rebanho e escolha de máquinas e equipamentos. A meta do I-UMA é que em três anos o Programa seja utilizado por cerca de 200 mil alunos.
“Precisamos melhorar a produtividade e aumentar a eficiência na gestão do agronegócio brasileiro. Em 50 anos o Brasil tornou-se uma potência agrícola e a meta do governo federal é alimentar mais de 2 bilhões de pessoas aumentando a sua participação no mercado internacional de 6,9% para 10%. Mais do que nunca, alimentar o mundo exige gestão, empreendedorismo, inovação, tecnologia, coordenação público-privada, sustentabilidade e parcerias de curto e longo prazo. O Agroeduc chegou para auxiliar nessa grande missão de todos nós”, diz o presidente do I-UMA, José Américo da Silva.