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Por Redação O Sul | 6 de fevereiro de 2017
Em um raro momento de visões convergentes sobre a condução da economia, os presidentes de Brasil e Argentina devem reforçar a ideia de uma aliança para a retomada do crescimento em ambos os países.
No entanto, há pelo menos um ponto de tensão na conversa: o novo regime de autopeças argentino. Criado no ano passado, o regime dá créditos tributários às montadoras pela aquisição de componentes de fabricação local. Do ponto de vista do setor brasileiro, trata-se de uma “guerra fiscal”.
Em sua primeira viagem internacional como presidente, em setembro passado, Michel Temer foi a Buenos Aires e pediu ao presidente da Argentina, Maurício Macri, que adiasse a implementação das regras, no que foi atendido. Agora, porém, negociadores dizem que eles estão dispostos a implementá-la, apesar das pressões brasileiras em contrário.
“Esse tema vem sendo objeto de discussões intensas em nível ministerial”, confirmou o subsecretário-geral da América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, Paulo Estivallet de Mesquita. Ele disse que há preocupação, porque “aspectos nesse regime não nos parecem compatíveis com normas da OMC ou mesmo as acordadas bilateralmente”. Por isso, confirmou ele, o assunto está na pauta dos dois presidentes “com grande prioridade”.
O governo brasileiro ainda não decidiu se recorrerá à OMC para derrubar o regime argentino, caso seja implementado. “Mas o governo tomará medidas necessárias para assegurar os interesses da geração de empregos e da produção industrial brasileira”, afirmou Mesquita. Ele acrescentou que o programa argentino reflete, para o Brasil, “uma visão anterior sobre como organizar a produção”, referindo-se ao governo anterior, de Cristina Kirchner. (AE)