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No Brasil, total de trabalhadores com mais de 60 anos é recorde

(Foto: Divulgação)

Nunca tantos brasileiros com mais de 60 anos atuaram no mercado de trabalho. No segundo trimestre deste ano, eram 8,042 milhões de pessoas desse grupo ocupadas – um contingente equivalente ao de toda a população do Estado do Pará.

Os dados do número de profissionais ocupados com mais de 60 anos são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Quando esse tipo de levantamento começou a ser realizado, no primeiro trimestre de 2012, o número de brasileiros trabalhando nessa faixa etária era de 4,934 milhões. Ou seja, quase metade do que é hoje.

“Em termos absolutos, a forte alta da população ocupada decorreu do crescimento demográfico desse grupo de idade, associado à melhora relativa do mercado de trabalho nacional”, afirma Lucas Assis, economista da consultoria Tendências.

O aumento da ocupação entre os mais velhos é um movimento que não deve parar. O Brasil vive uma transição demográfica acelerada, com a população envelhecendo mais rápido do que o esperado, o que reforça a expectativa de que a chegada dos trabalhadores com mais de 60 anos ao mercado de trabalho deve ganhar força nos próximos anos.

Em 24 de dezembro do ano passado, Vera Lucia Muniz, de 60 anos, diz ter ganho um presente de Natal inesperado. Após participar de um processo seletivo, no qual competiu com profissionais mais jovens, recebeu um telefonema oferecendo uma vaga de emprego. O retorno ao mercado de trabalho era a possibilidade de sair de uma rotina quase solitária e, ainda, complementar a renda da aposentadoria.

“Voltei a trabalhar para conhecer pessoas, para me relacionar mais e pela parte financeira. Só com a aposentadoria não se vive”, diz Vera, que passou quase 30 anos atuando num cartório e, agora, trabalha na Nestlé, na Boutique Nespresso, no shopping Morumbi, em São Paulo, como coffee especialista.

Envelhecimento

Os números capturados pelo Censo já deixam evidente esse processo de envelhecimento brasileiro. Em 2000, a população de 60 anos ou mais era de 15,2 milhões; pulou para 20,6 milhões em 2010; e chegou a 32,1 milhões em 2022. Na prática, o Brasil perdeu o chamado bônus demográfico, período no qual jovens entraram no mercado de trabalho e contribuíram para que o País registrasse elevadas taxas de crescimento econômico.

“As projeções indicam uma redução no número de crianças e jovens (entre 2000 e 2022, o número de nascimentos recuou em 998 mil), enquanto a proporção de idosos continuará crescendo, especialmente entre as mulheres, cuja expectativa de vida é maior”, afirma Assis, responsável pelo levantamento dos dados.

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