Quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de janeiro de 2018
O papa Francisco disse nesta terça-feira (16), durante o seu primeiro compromisso oficial na visita ao Chile, que é “justo pedir perdão” e que sente “dor e vergonha” diante do “dano irreparável” causado às crianças vítimas de abusos sexuais.
Na sede do Executivo, a Casa de la Moneda, onde se reuniu com a presidente do país, Michelle Bachelet, o pontífice pediu que se escutem os desempregados, os povos originais, os imigrantes, os jovens, os idosos e as crianças. E então afirmou: “E aqui não posso deixar de manifestar a dor e a vergonha que sinto diante do dano irreparável causado às crianças por parte dos ministros da Igreja”.
As palavras do papa foram recebidas com aplauso pelas cerca de 700 pessoas reunidas no pátio do palácio. “Quero me unir a meus irmãos no episcopado, já que é justo pedir perdão e apoiar com todas as forças as vítimas, ao mesmo tempo em que temos que nos empenhar para que não volte a se repetir”, disse, sem citar a palavra “abuso”.
Durante a permanência de três dias do papa no Chile (de 15 a 18 de janeiro), estão previstos encontros com autoridades, comunidades indígenas, religiosos e pessoas pobres, nas cidades de Santiago, Temuco (600 km ao sul de Santiago) e Iquique (1.800 km ao norte), onde vai celebrar missas.
Depois do Chile, o papa seguirá para o Peru, onde passará pela capital Lima e por Puerto Maldonado e Trujillo. Autoridades do governo chileno estimam que 500 mil pessoas devem comparecer a uma missa marcada para esta terça-feira em Santiago.
Pedofilia
Segundo o secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, a viagem ao Chile “não será simples”. O papa Francisco deve enfrentar protestos contra pedofilia na Igreja, já que a nomeação do chileno Juan Barros, acusado de acobertar abusos sexuais de um sacerdote, como bispo de Osorno (Sul do Chile), provocou reação contrária.
Na segunda-feira (15), ativistas de vários países lançaram em Santiago uma organização global contra o abuso sexual infantil na Igreja e exigiram que o papa mude “perdões” por “ações” para enfrentar a pedofilia. Essa é a sexta viagem do pontífice à América Latina, depois do Brasil (2013), Equador, Bolívia e Paraguai (2015), Cuba (2015), México (2016) e Colômbia (2017).
No Chile, onde ficará até quinta-feira (18), Francisco visitará a cidade de Temuco, capital da região indígena de Araucanía. A população local, mapuche, mantém um conflito ancestral com o Estado chileno pela devolução de terras. Os povos também pedem respeito à cultura, além da manutenção do idioma original. Araucanía, localizada a 670 quilômetros ao sul de Santiago, apresenta um dos mais altos índices de pobreza do país, com os povos indígenas vítimas de discriminação social.
Na semana passada, porém, igrejas católicas da capital foram alvos de ataques a bomba. Ao menos três locais foram danificados, e a sede da nunciatura apostólica do Chile foi invadida por políticos da oposição, que reclamam contra o uso de dinheiro público para a visita de Francisco ao país. No Peru, onde o papa ficará até o dia 22 de janeiro, haverá uma visita à capital, Lima, e outra à cidade de Trujillo, onde celebrará uma missa para mais de um milhão de fiéis.