Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de maio de 2015
Abril de 1945. Milhões de soldados soviéticos avançam rumo à capital alemã, último reduto nazista. Após a sangrenta Batalha de Berlim e o suicídio de Adolf Hitler, os nazistas assinam sua rendição em 8 de maio, pondo fim à Segunda Guerra Mundial.
Setenta anos depois, uma parede do Reichstag, o parlamento alemão, preserva pichações dos soldados russos – o local pode ser visitado de graça, com tours guiados até em português. Espalhados pela cidade, outros símbolos lembram a guerra e o fim do regime nazista, que marca até hoje a vibrante capital alemã, cidade que parece estar em constante busca por personalidade.
Há exatos 70 anos, Berlim estava arrasada. Quase 80% do centro expandido da capital havia sido destruído por bombardeios aéreos. No processo de reconstrução, toneladas de entulhos foram levadas para o bosque de Grunewald. A pilha de 115 metros em um horizonte plano virou a colina artificial de Teufelsberg (montanha do diabo).
O lugar mais tarde serviu de base de espionagem americana e, abandonado, de tela para grafiteiros. Um cenário de filme de ficção científica pós-apocalítpico, que recebe poucos turistas. Mas o tour guiado exibe uma das melhores vistas de Berlim.
Entre as construções que sucumbiram e serviram de base para a colina provavelmente estava a estação de trem Anhalter. Os três arcos da entrada hoje têm jeitão de ruína romana – e levam só a um campo de futebol.
Do palácio Prinz Albrecht, onde funcionaram os serviços de inteligência nazista, pouco restou. Sobre o pedaço de fundação remanescente foi erguido, em 2010, o museu Topografia do Terror.
O lugar tem uma mostra, gratuita, que detalha a ascensão e a queda dos nazistas. No reflorestado parque Tiergarten só resistiram o átrio e parte da torre da igreja Kaiser Wilhelm – além de mosaicos entre rachaduras. (Em frente às ruínas foi erguida uma nova igreja, em 1963.)
Alguns edifícios, por outro lado, continuaram intactos, como que por milagre – mas passaram por transformações para lembrar que a Alemanha, afinal, regenerou-se.
O atual Ministério das Finanças, suntuosa construção brutalista, abrigava o Ministério da Aviação – e serviu de base para o grupo de resistência Rote Kapelle, cujos integrantes foram executados.
No museu Martin-Gropius-Bau, as paredes lateral e traseira guardam marcas de balas que lembram que a área era o centro do poder nazista. Também foram preservados bunkers, construídos para proteção do “führer” e seus aliados a partir de 1940.
Em Gesundbrunnen, estação de trem a noroeste de Berlim, passeios guiados levam ao bunker, que acomodava até 1.200 pessoas, e ainda hoje guarda raridades como pertences de soldados e bombas.
Na região central de Berlim, outro bunker, um grande caixote de concreto de cinco pisos, labiríntico e com um quê claustrofóbico, funciona como galeria de arte. A Sammlung Boros, do empresário polonês Christian Boros, exibe obras de artistas contemporâneos como o chinês Ai Weiwei e o dinamarquês Olafur Eliasson. (Folhapress)