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Mundo No encerramento do G20, Lula cita Mandela ao transferir presidência do grupo para a África do Sul

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Lula ofereceu ajuda brasileira aos eventos da cúpula a ser realizada em Johanesburgo ano que vem.

Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República
Lula ofereceu ajuda brasileira aos eventos da cúpula a ser realizada em Johanesburgo ano que vem. (Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva transferiu, nesta terça-feira (19), em seu discurso de encerramento da cúpula de líderes, a presidência do G20 para a África do Sul. Com a voz embargada, Lula citou o ex-presidente sul-africano e Nobel da Paz Nelson Mandela e ofereceu ajuda brasileira aos eventos da cúpula a ser realizada em Johanesburgo ano que vem.

“Depois da presidência sul-africana, todos os países do G20 terão exercido, pelo menos uma vez, a liderança do grupo”, afirmou Lula aos líderes presentes na plenária do Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro.

“Será um momento propício para avaliar o papel que desempenhamos até agora e como devemos atuar daqui em diante. Temos a responsabilidade de fazer melhor. É com essa esperança que passo o martelo da presidência do G-20 para o presidente [Cyril] Ramaphosa”.

Ao oficializar a passagem da presidência, Lula disse que aquela não era uma transferência comum, mas sim “a expressão concreta dos vínculos históricos, econômicos, sociais e culturais que unem a América Latina e a África”.

“A África do Sul poderá contar com o Brasil para exercer uma presidência que vá além do que pudemos realizar. Lembro as palavras de outro grande sul-africano, Nelson Mandela, que disse: ‘é fácil demolir e destruir; os heróis são aqueles que constroem’. Vamos seguir construindo um mundo justo e um planeta sustentável”, finalizou seu discurso.

Antes, o brasileiro celebrou os avanços desta cúpula, que viveu momentos de incerteza sobre a assinatura do documento final, já que o presidente argentino, Javier Milei, dava sinais de que poderia não endossar o acordo.

Em dois dias de cúpula, o Brasil lançou oficialmente uma Aliança Global contra a Fome a a Pobreza com a adesão de 82 países, incluindo a Argentina de última hora. O brasileiro também celebrou a início dos debates sobre taxação de super-ricos, outro tema que gerou intensas discussões dos países.

“Fizemos um chamado a ação por reformas que tornem a governança global mais efetiva e representativa e dialogamos com a sociedade por meio do G20 Social”, continuou Lula.

“Neste ano, realizamos mais de 140 reuniões em 15 cidades brasileiras. Voltamos a adotar declarações consensuais em quase todos os grupos de trabalho. Deixamos a lição de que, quanto maior for a interação entre as trilhas de sherpas e de finanças, maiores e mais significativos serão os resultados dos nossos trabalhos. Trabalhamos com afinco, mesmo cientes de que apenas arranhamos a superfície dos profundos desafios que o mundo tem a enfrentar.”

A cúpula do G20 – que reúne as 19 maiores economias do mundo, além de União Europeia e União Africana – abriu suas discussões para a finalização de um acordo conjunto na segunda, momento em que foram tratadas as pautas de combate à fome e a pobreza, principal iniciativa do Brasil, e reforma das instituições de governança global. Nesta terça, as negociações se concentraram em torno do desenvolvimento sustentável e transição energética.

A pauta climática é uma das que mais causa embates entre os países na hora de costurar os termos da declaração final. Reforma das instituições, gênero e taxação de super-ricos eram outros temas complexos. O presidente argentino era quem encabeçava as maiores desavenças, mas terminou cedendo e assinou o acordo com ressalvas verbais, não registradas no documento.

Milei busca ser o expoente do conservadorismo na América Latina, encorajado pelo retorno de Donald Trump à Casa Branca ano que vem. Mas o libertário não estava sozinho neste incômodo. Países ricos, especialmente europeus, queriam que emergentes, como China e Brasil, dividissem o custo do financiamento climático global. O pleito era considerado inadmissível pelo Brasil e demais países. A divisão como queriam as nações desenvolvidas não foi incluída.

Os emergentes, porém, saíram vitoriosos dessa batalha. O comunicado dos líderes fala da “necessidade de aumentar a colaboração e o apoio internacionais, incluindo com o objetivo de ampliar o financiamento climático público e privado e o investimento para os países em desenvolvimento”.

 

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