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No Festival de Veneza, aplausos ao filme brasileiro “Ainda Estou Aqui” duraram quase 10 minutos

No longa, Fernanda Torres intrepreta Eunice Paiva, viúva de Rubens Paiva. (Foto: Alile Onawale/Divulgação)

“Ainda Estou Aqui”, filme brasileiro dirigido por Walter Salles, foi exibido na 81ª edição do Festival de Veneza, na Itália, nesse domingo (1º). O longa foi aplaudido por 9 minutos e 46 segundos pelo público presente na sessão de gala. Mais cedo, houve a sessão para a imprensa.

Em uma plateia com muitos brasileiros, a sessão começou atrasada. Ao longo do último terço do filme, foi possível ouvir muitas pessoas chorando no local. Ao final da sessão, Walter Salles, Selton Mello e Fernanda Torres demonstravam estar emocionados e choraram bastante.

“Ainda Estou Aqui” é uma espécie de retorno do próprio cineasta, que não lançava um longa de ficção desde a produção em inglês “Na Estrada”, de 2012. Mesmo tendo concorrentes fortes como Nicole Kidman (do filme “Babygirl”) e Angelina Jolie (do filme “Maria”), Fernanda Torres tem chances de levar a Coppa Volpi, prêmio do festival para a atuação feminina.

Na coletiva de imprensa de “Ainda Estou Aqui”, na tarde desse domingo, Fernanda Torres disse que o diretor Walter Salles cortou duas cenas de choro. Mas elas não fazem falta ao longa-metragem sobre Eunice Paiva, advogada, mãe do escritor Marcelo Rubens Paiva e viúva de Rubens Paiva, engenheiro e ex-deputado preso pelos militares – e depois morto – durante a ditadura.

Filme

O filme começa em 1970, quando a família Paiva vive em uma casa de esquina, de frente para o mar, no Rio de Janeiro. Rubens Paiva (Selton Mello), que abandonou a política depois do golpe militar de 1964, quando foi cassado, atua como engenheiro. É um cara brincalhão, que joga pebolim com o filho tarde da noite e adora receber os amigos em casa.

Mas o centro de tudo é Eunice, que se ocupa dos pratos que serão servidos ao cuidado com as crianças e adolescentes.

Até que homens à paisana levam Rubens Paiva para ser interrogado. No dia seguinte, é a vez de Eunice, que passa 12 dias nas dependências do DOI-CODI. Com o desaparecimento do marido, Eunice é obrigada a se reinventar, acreditando no poder da educação e da justiça.

O cinema brasileiro, ao contrário do argentino e do chileno, produziu poucos filmes sobre a ditadura militar. “Ainda Estou Aqui” é uma bem-vinda adição à memória do País. “Se você olhar para ‘Central do Brasil’, para os filmes que fiz antes, a jornada dos personagens se mistura com a jornada do País. É isso que me interessa no cinema”, disse Walter Salles na coletiva de imprensa.

“O livro era isso. A jornada de Eunice se mesclava com a história do Brasil durante aqueles 21 anos terríveis. A reinvenção daquela mulher foi o que mais me emocionou”, afirmou.

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