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No fim, um tema de Camões

(Foto: Reprodução)

Eu sei que Romeu e Julieta também é maravilhoso: os políticos e vaidosos confrontos familiares, as tranças e as madeixas de Julieta, o balcão (sacada) de Verona sob a (ou, diante da qual) cantou o enamorado  sua paixão que, no ápice do drama, levou-os, juntos, ao repouso eterno.

Sei também – e não é saber muito – o intrincado, superlativo e sofisticado amor de Dante por Beatriz e até, valorizando a nossa métrica, o querer muito de Dirceu por Marília (e vice-versa), quase fábula apaixonada dos bem-me-queres da mineiridade, que acabou sobrevivendo, com dignidade histórica, aos golpes do conflito político, então contemporâneo  da Inconfidência.

Eu sei também que as más línguas (e a história as tem e tantas) as vezes intrometem-se, noutras até criam versões que são menos que suspeições; apenas um boato teimosamente resistente. Por exemplo, o alegado romance (cuja materialidade até hoje não se pode comprovar) da Rainha Isabel de Castela e Leão, se não me engano, com o navegador Cristóvão Colombo. Há quem diga que, não fosse ela apaixonada, não teria penhorado suas joias conseguindo o dinheiro, que daria (ou emprestaria) a Colombo para fazer a viagem e “descobrir a América”. Somos, pois, todos nós filhos diletos da penhora continental que, parece continuar acompanhando a vida do latino americano.

Mas, estando em Portugal, visitando Coimbra e sua Universidade (3ª. da Europa em idade), contemporânea e qualificada nos seus 800 anos, especialmente vendo e revendo (na companhia de professores doutos da Casa) a intimidade do Curso de Direito, confesso que é soberbo o prestígio da instituição, resultado de seriedade do que se fez e de como se faz,  desde várias centúrias,  o algo bem a mais preservado na atualidade. Confesso que me deu uma pontinha (se é que existe) de inveja virtuosa (pode ser?).  Enfim, um certo desalento ao ver que poderíamos ter feito ou estar fazendo o que eles já fazem há muito e bem. Infelizmente nós somos muito “espertos” (e eles, não) e, nos auto elogiando , imbecilmente, dizemos que aqui se resolve tudo “com o jeitinho brasileiro”. E até (porque somos “muito engraçados” inclusive em temas e (tratos éticos) que tem que ser analisados seriamente, rimos, gratuitamente, de nossos colonizadores. Deles, que  mesmo constituindo um país  pequeno conseguiram superar a crise mundial – e, porque são “trouxas “ e nós “espertos  – tem uma taxa de desemprego  EM QUEDA, que é menos da metade da nossa. E nós, “vivos”, continuamos a rir deles que aproveitaram os financiamentos fartos e baratos concedidos, logo que entraram na União Europeia e investiram em infraestrutura: múltiplas rodovias de três pistas, em ambas as direções, técnica e fartamente sinalizadas e sem buracos; transporte ferroviário, que se destaca por veloz e seguro (nas cidades principais com estações de metrô que dá gosto; o mesmo metrô que Porto Alegre não soube fazer, apesar do dinheiro da Copa); geração satisfatória de energia de várias matrizes  a um preço compatível (mau grado o país não ter um pingo de petróleo, e muito menos o PRÉ-SAL, que um condenado ex-presidente (não da para esquecer, a cena, na plataforma marítima o banho de óleo e os discursos de profecia falaciosa, chamando de “milagroso” o líquido extraído com o qual “acabariam” nossos problemas de Educação, Saúde etc (foi um festival marinho de teatro irresponsável).

Mas deixemos de lado as comparações tão verdadeiras quão bizarras para nós. Voltemos ao AMOR que é o que conta mesmo na vida. E volto a Portugal, a Coimbra e a Quinta das Lágrimas, cenário da paixão superlativa de Pedro imperador e da famosíssima (e também se diz formosíssima) Inês de Castro, de quem só mesmo Camões (nos notáveis Lusíadas) poderia encontrar tantos adjetivos para descreve-la como a de beleza divina.

A história, contando para uns e recapitulando para outros, é…  melhor deixá-la, de novo, para a semana que vem, pois merece, pela amorosidade e ferocidade de que se revestiu, exclusividade no seu trato de tanto amor e tanto ódio.

Esta postergação, parece até prazo de construção de estrada no Brasil…

Aguardem, pois paixão como essa do poderoso Pedro, de antes, e da Inês que foi rainha, sem nunca se-lo, não tem onde se possa comprar ou vender.

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