Quinta-feira, 24 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 25 de abril de 2023
Uma passista do Acadêmicos do Grande do Rio teve parte do braço esquerdo amputado, após uma cirurgia para retirada de miomas do útero e de uma histerectomia, realizadas no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense (RJ).
O caso aconteceu em fevereiro deste ano e Alessandra dos Santos Silva, de 35 anos, que também é trancista, sofreu uma série de complicações decorrentes dos procedimentos, chegando a ficar internada em quatro unidades de saúde diferentes. A vítima só recebeu alta da última instituição pela qual passou em 4 de abril.
“Até agora, não me explicaram nada, não apareceu ninguém. Ninguém me ligou, na ocasião, também não falaram nada sobre o que teria causado a necrose [do braço]. Está tudo no ar até agora, ninguém falou nada”, afirmou Alessandra.
De acordo com a passista, em agosto do ano passado, exames apontaram a presença de miomas em seu útero e os médicos recomendaram a retirada imediata. Entretanto, a cirurgia só foi realizada no dia 3 de fevereiro deste ano, no Hospital da Mulher. À noite, após o procedimento, as primeiras complicações começaram a aparecer, quando uma hemorragia foi identificada e Alessandra precisou ser submetida uma histerectomia total (retirada do útero), no dia seguinte.
Durante a visita, depois da cirurgia, familiares encontraram a paciente intubada, com as pontas dos dedos esquerdos escurecidas, além de braços e pernas enfaixados. Ao serem questionados, os profissionais alegaram que ela estava com frio. No dia 6 do mesmo mês, os parentes foram informados pela equipe médica que a mulher seria transferida para uma instituição na Zona Sul do Rio, porque seu braço estava praticamente preto e começando a necrosar.
A trancista chegou a passar por uma drenagem, que não surtiu efeito. A família precisou ser convocada e autorizou a amputação do braço, já que os médicos afirmaram que Alessandra não sobreviveria se mantivesse o membro, por conta das chances da necrose se alastrar. Mesmo depois da cirurgia, a vítima ainda sofreu com complicações, tendo os rins e o fígado quase paralisados, além do risco de uma infecção generalizada.
Alessandra só foi extubada em 12 fevereiro e teve alta da unidade de saúde dois dias depois. Entretanto, ao retornar para a revisão da cirurgia de amputação, no dia 28 seguinte, o médico notou que os pontos das cirurgias realizadas em São João de Meriti estavam em mau estado e recomendou que ela procurasse um hospital.
“Achando que o pesadelo tinha acabado, fui tirar os pontos do meu braço e minha mãe pediu, encarecidamente, para o médico olhar os pontos da minha barriga. Quando ele deu essa olhada, ele até se emocionou. Ele me disse que eu precisava procurar um hospital as pressas porque se não minha barriga ia necrosar igual meu braço, estava toda infectada. Eles [Hospital da Mulher Heloneida Studart] tentaram me matar duas vezes”, revelou a passista.
Ela procurou outros hospitais, até conseguir uma vaga, em 4 de março, no Hospital Maternidade Fernando Magalhães, em São Cristóvão, de onde foi transferida e novamente internada no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro. A alta aconteceu um mês depois.
Após deixar o hospital, a trancista registrou uma ocorrência. A Polícia Civil esclareceu que agentes da distrital requisitaram o laudo médico de atendimento para análise e seguimento às investigações, que estão em andamento.
Em nota, o Acadêmicos do Grande Rio disse que está acompanhando o caso de perto e que já ofereceu todo o suporte necessário para ela e sua família. “Nos uniremos ao esforço de buscar justiça diante do ocorrido”, completou a agremiação.