Domingo, 20 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 11 de abril de 2025
Policiais civis do Rio e de São Paulo deflagraram uma operação conjunta contra uma rede de lavagem de dinheiro a serviço do Comando Vermelho (CV) e do Primeiro Comando da Capital (PCC), as maiores facções criminosas do País. Segundo a investigação, o esquema movimentou R$ 6 bilhões em um ano e envolveu até a criação de um banco digital para ocultar os recursos oriundos do tráfico de drogas.
De acordo com a investigação, o núcleo financeiro do Comando Vermelho tem ramificações no Estado de São Paulo, com ligação direta com o PCC e seu esquema de uso de fintechs, denunciado anteriormente. Conforme o delegado Jefferson Ferreira, da polícia do Rio, integrantes do CV em comunidades comandadas pela facção faziam depósitos diversos, de R$ 150 mil a R$ 750 mil, usando dinheiro em espécie, ao menos três vezes por semana.
O principal foco dos depósitos é o banco digital 4TBank, cujas atividades também foram colocadas sob suspeita por relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A polícia afirma que parte dos recursos ia para áreas de fronteira e serviria para a compra de entorpecentes e armamentos.
A outra parte retornava como lucro para a facção, repassado a empresas de fachada no Rio para ampliar o domínio territorial na zona oeste. Ali haveria dezenas de outras empresas fictícias, de floriculturas a empresas de publicidade e de transporte, que fariam lavagem de dinheiro na Barra da Tijuca, no Recreio dos Bandeirantes, em Jacarepaguá, em Vargem Grande e em Vargem Pequena.
Nesse ponto, o esquema também se assemelha com o adotado em São Paulo pelo PCC, que chegou a montar, conforme a polícia, uma rede de hotéis na Cracolândia.
Histórico
O 4TBank é a mesma instituição citada no ano passado na Operação Decurio da Polícia Civil de São Paulo, que investigou infiltração do PCC na área política e bloqueou R$ 8,1 bilhões em bens, obtendo ainda a decretação da prisão de um acusado de coordenar a eleição de vereadores que seriam apoiados pela facção criminosa.
À época, a defesa da instituição cabia ao escritório Teixeira & Marques Advogados Associados. “A 4TBank é uma fintech que sempre operou em conformidade com as leis e regulamentos vigentes no Brasil, possuindo um lastro financeiro totalmente comprovado. Todas as nossas operações passam por rigorosos processos de compliance e auditoria, assegurando que todas as nossas atividades financeiras sejam conduzidas de forma ética, legal e transparente”, disse em nota oficial.
Em outro trecho do posicionamento, a defesa afirmava que “não há qualquer fundamento nas alegações que tentam ligar nossa instituição a ações criminosas e a empresa se compromete a demonstrar a legalidade das operações ao longo do processo”.
Conforme a Polícia Civil do Estado do Rio (PCE-RJ), esta é a maior operação já realizada contra o Comando Vermelho. “O objetivo é asfixiar financeiramente o crime organizado, atingindo sua base logística, e cortar o dinheiro que é usado para compra de armas e drogas. Esses recursos também financiam as disputas por expansão territorial em comunidades da zona oeste do Rio”, diz.
Ao todo, 22 empresas são investigadas nesse novo inquérito. Entre elas estaria a Ônix Perfumaria, uma empresa de fachada com sede em São Paulo que teve cerca de R$ 70 milhões depositados em um ano. Agentes dos dois Estados foram incumbidos de cumprir 46 mandados de busca e apreensão. (Com informações do jornal O Estado de S. Paulo)