O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot questionou em sua conta no Twitter a atuação da sua sucessora e atual procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Ao compartilhar uma nota publicada na coluna do jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo, que afirma que, em seis meses de mandato, Raquel não fechou nenhuma nova delação premiada, o ex-procurador pergunta: “Vai ser assim?” Com o título de “Pisada no freio”, a nota diz que, no período, apenas as antigas delações caminharam. “Delação não é com ela”, conclui o jornalista.
Rodrigo Janot deixou o cargo de procurador-geral em setembro do ano passado. Seu mandato foi marcado pelo envio ao Congresso de duas denúncias contra o presidente Michel Temer, baseadas em delações do empresário Joesley Batista. Ambas foram rejeitadas e arquivadas pelos parlamentares.
Raquel assumiu o posto depois de ter sido indicada por Temer, que teve de escolher entre os três candidatos mais votados por membros do MPF (Ministério Público Federal), a chamada lista tríplice.
Pressão?
Há poucos dias o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun saiu em defesa do governo ao justificar que o envio de uma carta, de Temer à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, não teve a intenção de pressioná-la.
Segundo a colunista do G1 Andréia Sadi, Temer enviou a carta a Dodge após ter sido incluído no inquérito que apura se houve pagamento de propina pela Odebrecht ao PMDB no período em que o partido comandou a Secretaria de Aviação Civil.
A inclusão do nome de Temer nas investigações foi autorizada pelo ministro Luiz Edson Fachin e pedida por Raquel Dodge.
‘Outras flechas’
Marun também disse que o governo não vai permitir que “outras flechas” atrapalhem as prioridades da gestão de Temer. “Não vamos permitir agora que outras flechas venham a obstaculizar neste outro momento aquilo que é prioridade para o governo. Nós temos a prioridade de fazermos com que o cidadão brasileiro viva num ambiente de maior segurança”, disse Marun. “Nós não vamos permitir que atitudes diversionistas como essa nos afastem do nosso rumo e do nosso objetivo”, concluiu.
O ministro não citou nomes, mas, no ano passado, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que denunciou Temer duas vezes ao Supremo Tribunal Federal, disse antes de deixar o cargo: “Enquanto houver bambu, lá vai flecha”.
A declaração de Rodrigo Janot, em julho do ano passado, durante o encerramento de sua participação no 12º Congresso da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), indicava que ele continuaria no mesmo ritmo que vinha até então, até o fim de seu mandato, em setembro.