Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 14 de janeiro de 2023
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que a nomeação de Anderson Torres como secretário de Segurança Pública do Distrito Federal foi um “erro político” cometido pelo governador Ibaneis Rocha. Segundo o ministro, Torres, preso nesse sábado pela Polícia Federal, ao desembarcar em Brasília de um voo que saiu de Miami (EUA), tinha antecedentes “muito ruins”.
“Não posso afirmar que alguém cometeu um crime sem a conclusão de uma investigação. No mínimo houve um erro político do governador. E não porque Torres era adversário do governo federal”, disse Dino em entrevista.
“Nos dias que antecederam aos eventos do dia 8, eu falei não apenas com o governador Ibaneis, mas também com os governadores aliados de Bolsonaro, de São Paulo, [Tarcisio de Freitas], e do Rio [Claudio Castro] [aliado de Bolsonaro]. Os antecedentes [de Torres] eram muito ruins”, afirmou o ministro.
Como “antecedentes” do ex-ministro da Justiça, o atual chefe da pasta listou:
– o bloqueio de estradas por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) depois das eleições, e que não foi impedido pela Polícia Rodoviária Federal;
– o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), vinculado a Justiça, ter aberto investigação contra institutos de pesquisa;
– a “tentativa de instrumentalização política” na Polícia Federal;
– a “inércia” da PF quando se descobriu um artefato explosivo próximo ao aeroporto de Brasília.
Torres foi demitido do cargo de secretário e preso pela PF . Ibaneis foi afastado do cargo por 90 dias depois dos atos de extremistas de direita no domingo (8). Investigações apuram se houve omissão e conivência da segurança distrital com a invasão dos Três Poderes.
Avaliação
Ainda na entrevista, Flávio Dino rechaçou a hipótese de que forças federais de segurança – como a própria PF, o Exército e o Batalhão da Guarda Presidencial – também teriam falhado no enfrentamento ao grupo de bolsonaristas radicais envolvido nos atos de terrorismo.
O ministro da Justiça diz que, nessa situação, teria duas coisas a fazer. A primeira seria promover a intervenção federal na segurança pública do DF, ordenada por Lula. A outra seria “garantir administrativamente a continuidade dos trabalhos da Polícia Federal”.
“Que, faço questão de dizer mais uma vez, não poderia ter ocorrido na Esplanada, porque a Polícia Federal não é polícia ostensiva. Está na Constituição, art. 144”, cita Dino.
A Constituição dá à PF funções como “apurar infrações penais contra a ordem política e social” e “prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas”. Também diz, no mesmo artigo, que “às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública”.
Flávio Dino também afirmou na entrevista que os atos de vandalismo na Esplanada dos Ministérios eram “totalmente evitáveis”.
“Quando ocorre a intervenção federal no meio da tarde do domingo, com os eventos já acontecendo […] a Polícia Militar assume a situação sob o nosso comando e rapidamente controla a situação. Na prática, a situação era absolutamente evitável, absolutamente controlável”, declarou.