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As adversidades entre árabes e judeus chegam a limites preocupantes

(Foto: Reprodução)

As adversidades entre Árabes e Judeus chega a limites preocupantes e na segunda-feira exatamente às 7 horas 45 minutos do dia 05 de junho de 1967, com o código Moked, (Mivtzá Moked – Operação Foco) pela manhã a força aérea de Israel exerce uma penetração de surpresa sobre o Egito, utilizando procedimentos com eficácia que passaram por simular até voos de rotina.

Os aviões de Israel embrenharam-se pelo sul atacando simultaneamente vários aeroportos egípcios. Com movimentos extraordinários, de forma ardilosa e imprevista, com uma incursão aérea, precisa, dominante e aniquiladora, rompe a GUERRA DOS SEIS DIAS.

As resistências egípcias foram atacadas por caças israelenses, em toda sua retaguarda, onde, provenientes do Mediterrâneo em voos rasantes esquivando-se dos radares numa posição oblíqua a qual agregada a altitude correspondia a uma inclinação solar que inibia a ação das contrabaterias da 40ª Divisão da Cavalaria Blindada Egípcia, que com o sol obstruindo, impossibilitava suas visões das ações de seus inimigos, e essa unidade militar foi totalmente exterminada.

A mesma encontrava-se instalada na cidade de Rafah, a menos de 400 metros da Sede de Comando do 20º Contingente, onde estavam a Companhia de Comando e Serviços (CCS) e a 8ª Companhia de Fuzileiros que haviam sidos recolhidos para o Campo Brasil. De fato, as primeiras batalhas ocorrem próximo à cidade de Charm-el-Cheikh, a Leste do Sinai, no Golfo de Ácaba, onde as tropas das Nações Unidas são incapazes de conter a violência. Essa cidade estava sob administração internacional desde a crise de Suez de 1956.

Os ataques contra as bases aéreas da Síria, Iraque e Jordânia, tecnicamente não fizeram parte da Operação Moked, mas foram ordenadas em resposta aos ataques matutinos e vespertinos à Israel, deflagradas pelas Forças aéreas destes países.

Na noite de 5 de junho o 124º Esquadrão com 24 helicópteros Sikorsky S-58 programou a incursão atrás da linha inimiga da 2ª Divisão de Infantaria egípcia com seus 80 canhões, 90 tanques e 16 mil homens. A operação consistia na inserção de uma brigada paraquedistas por helicóptero no escuro, próximo a cidade de Gaza, uma operação que nenhuma força militar tinha tentado até aquele momento. A recém formada Brigada de Paraquedista 55ª estava mobilizada para saltar à noite sobre El Arish, movimento crucial em apoio ao avanço das Brigadas Tal e Goro-dish. Quem estava a frente, no comando das ações do exército israelense, foi o lendário General Moshe Dayan onde uma de suas Divisões que invadiram o Sinai foi comandada pelo General Ariel Sharon que mais tarde se tornaria Primeiro Ministro de Israel.

Os ataques e bombardeios aéreos da Aviação Israelense foram cirúrgicos e ficou claro a eficiência da inteligência e os serviços de informações, pois só atingiram as bases militares e as aeronaves nos hangares e aeroportos, deixando os simulacros intactos. Bombardearam as pistas justamente na entrada dos hangares, deixando-as intacta no restante, com isso anularam a possível decolagem dos caças MIG-21 da Força Aérea Egípcia ficando assim a pista limpa para uma possível utilização pela Aviação Israelense.

Os bombardeios começaram no Egito, pelo Cairo. Não houve tempo das Forças Aéreas egípcias para se reagruparem diante da precisão do horário nos ataques em vários pontos e simultâneos. Todos os pilotos dos caças israelenses tinham um horário rígido para cumprirem de acordo com a distancia dos alvos pré-determinados. Todos teriam que lançar suas bombas no mesmo instante. Ao taxiarem seus rádios estavam desligados ou fora das frequências, recebiam as informações inclusive dos horários para arremeter por bilhetes, quando se lançaram ao ataque, voavam em absoluto silêncio utilizando na navegação apenas direção, tempo e velocidade planejada, alguns pelo Mediterrâneo numa altura inferior a 30 metros. A defesa antiaérea egípcia utiliza erguer uma cortina de fumaça para obstruir a visão dos caças Mirage e atrás um fogo antiaéreo intenso e pesado. Na Base Aérea de Insha que protege o Cairo, encontrava-se a maior e melhor parte da frota com quarenta MiGs 21 estacionados ao lado de fora da pista, foram alvejados e postos fora de combate ainda no solo.

As forças Árabes atacaram com seus aviões MiGs agindo ao longo do eixo central, atingiram as cidades israelenses de Netanya, Hadera, Kfar Saba, bem como os subúrbios do norte de Tel Aviv.

Milhares de artefatos de artilharia foram disparados da Cisjordânia e atingiram Tel Aviv e Jerusalém Ocidental.
Forças terrestres, nesse meio tempo, se moviam para cercar os bairros judaicos de Jerusalém.

Israel repeliu estas incursões e estabeleceu fronteiras seguras quando atacou os egípcios a partir da Faixa de Gaza e da Península do Sinai, e os Sírios, que também abriram fogo, das Colinas de Golã.

Cairo Oeste, Kabrit, Beni Suef, Abu Suweir e Fayid ardiam sob fogo intenso e uma cortina de fumaça ergue-se dos aeródromos atingidos pelos esquadrões da primeira onda de ataques da aviação israelense.

Nestas incursões, as Forças Aéreas Israelenses haviam derrubado 198 aviões das Forças da RAU, sendo 9 em combate aéreo e o restante em solo na primeira investida e outros 101 na segunda incursão. Oito esquadrões israelenses atingiram 17 bases egípcias, 16 estações de radares. Cada vez que os aviões faziam suas incursões e aterrissavam para rearmar e reabastecer, os tempos ficavam mais curtos, eles eram informados do aeródromo alvo, e do sucesso dos primeiros ataques, assim as missões iam mudando.

Na Síria, os caças MIGs que conseguiram escapar da investida dos Mirages israelenses nas bases militares egípcias, fugiram para o Aeroporto Internacional do Cairo, um aeroporto civil e se esconderam sob a proteção dos aviões comerciais, mas em uma missão fria, o comando aéreo israelense incumbiram militares especializados em abater os MIGs sem afetar os jatos civis, o que foi executado com perfeição. Nas posições israelenses as baixas nas primeiras investidas foram 8 aviões derrubados com 5 pilotos mortos, 3 feridos e 2 foram feitos prisioneiros, capturados pelas Forças egípcias.

Em outra investida foram destruídos 14 aeródromos e 107 aviões egípcios, tendo as Forças aéreas israelenses antes do meio dia do dia 5 de junho pondo fora de combate 286 dos 420 aviões de combate egípcios, e 116 dos aliados da RAU, bem como deixado sem condições de operação 13 aeródromos e 23 estações de radares antiaéreos.

Ao fim do primeiro dia foram destruídas 402 aeronaves das Forças da RAU, ou seja Egito, Iraque, Jordânia e Síria foram literalmente massacradas em seu poderio aéreo.

Houve a destruição de 309 aviões de combate pelos caças israelenses em um espaço de apenas duas horas.
Os aviões foram na sua maioria destruídos em suas bases militares no solo.

As Forças terrestres foram acionadas, os tanques de Arik Sharon iniciam às 7h a movimentação em direção a fronteira, juntamente com seus jipes e blindados leves, todos os motores acionados e as redes de camuflagem estavam sendo removidas, os tanques das brigadas iriam atrás, e na vanguarda o esquadrão de reconhecimento, o grupo de comando com o general era o último a compor a unidade, tudo ensaiado, só aguardando a ordem para cruzar a fronteira, os tanques e blindados leves estavam com as frequências de rádios abertas e motores ligados aguardando sob o comando de um tenente o código de avançar. Ás 8h vem o código de ataque. Todas as frequências de comunicação da divisão são abertas e Arik Sharon pelo microfone ordena a movimentação. O grupo de comando da linha de frente era composto seis jipes que lideravam o comboio, dois tanques Pattons M48-A, e o blindado leve do comando, sendo que um dos jipes é que faria a ligação via rádio com a Força Aérea. Atrás viria o apoio. Tomando a iniciativa de ataque, os israelenses invadiram por terra em duas colunas, uma desceu pela Faixa de Gaza em toda extensão da fronteira aproveitando a estrada e em outra usando a pior via, pelos caminhos do rio seco, evitando as dunas mais altas onde seriam facilmente visualizados, e com esses movimentos surpreenderam os árabes no deserto em duplo envolvimento, forçosamente encontrariam os seus inimigos no meio desta investida. Estávamos nós, os brasileiros do 20º Contingente, na garganta do ingresso das forças israelenses, onde foram acentuados, impetuosos e abundantes os combates, pois os árabes instituíram ali uma linha defensiva, justamente em cima da fronteira.

Na estrada asfaltada em frente as nossas instalações a 11ª Brigada egípcia entrou em confronto direto com a 7ª Brigada Blindada israelenses, e no caminho estavam os alojamentos do Batalhão brasileiro, próximo ao entroncamento de acesso que levava a Rafah, e foi um dos locais onde o confronto entre os Exércitos beligerantes foi mais intenso, o fogo vindo das trincheiras egípcias era respondido pelas metralhadoras ponto 50 dos israelenses, estavam cuspindo fogo em cima de nós, os letais canhões antitanques, os obus egípcios e os morteiros faziam o chão tremer, o barulho era ensurdecedor, explodiam a 100 metros, 200 metros e outros a menores distancias, havia fumaça por todos os lados, os projéteis riscavam o ar por cima de nossas cabeças, estávamos sob fogo intenso, inclusive da aviação israelense. Podíamos sentir o impacto das explosões pelo deslocamento do ar, uma realidade muito além de que a gente imagina. As Forças da FDI estava avançando rapidamente, víamos homens correndo se protegendo, outros atirando invadindo o território inimigo, os tanques egípcios que estavam entrincheirados são surpreendidos pela infantaria da 79ª Brigada Blindada das Forças israelense. Não existe uma maneira possível de descrever essa visão. As cenas que presenciamos ultrapassam todos os princípios de humanidade.

Os egípcios perderam ali 40 de seus tanques e cerca de dois mil de seus homens foram mortos, feridos ou feitos prisioneiros dos israelenses, bem como a Companhia de Reconhecimento da 79ª Brigada Blindada sofreu irreparáveis danos nos confrontos no entroncamento de Rafah.

Norberto Soares Paiva – Ex-integrante do 20º Contingente Batalhão Suez

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