Sábado, 28 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 25 de junho de 2022
A região fronteiriça norte da Ucrânia de Chernihiv foi alvo de “bombardeamentos intensos” disparados a partir do território da Bielorrússia, aliada da Rússia, disse o Exército ucraniano em comunicado neste sábado (25).
“Por volta das 5.00 da manhã (2.00 GMT), a região de Chernigiv sofreu um bombardeamento intenso por mísseis. Vinte foguetes, disparados do território da Bielorrússia e do ar, atingiram a aldeia de Desna”, escreveu o comando militar do norte da Ucrânia no Facebook, acrescentando que até o momento não houve relatos de vítimas.
Apesar de não estar envolvida diretamente no conflito com a Ucrânia, a Bielorrússia forneceu apoio logístico às tropas de Moscou, especialmente nas primeiras semanas da ofensiva russa, que começou no fim de fevereiro.
“O bombardeio de hoje está diretamente relacionado aos esforços do Kremlin para atrair a Bielorrússia para a guerra na Ucrânia como cobeligerante”, disse a direção-geral dos serviços de Inteligência ucranianos, sob o Ministério da Defesa, no Telegram.
O ataque ocorreu antes da reunião deste sábado entre o presidente russo, Vladimir Putin, e seu homólogo bielorrusso, Alexander Lukashenko, em São Petersburgo. Após o encontro, Putin, anunciou que seu regime fornecerá à Bielorrússia mísseis de curto alcance Iskander-M, um dos mais modernos do arsenal de Moscou e capaz de transportar ogivas atômicas.
Os aliados ocidentais da Ucrânia, por outro lado, se reunirão a partir de domingo em uma cúpula do G7 na Alemanha. Kiev insiste que precisa de mais armas para neutralizar o avanço das tropas russas e “estabilizar” a situação em Donbas, no Leste, onde estão ocorrendo intensos combates.
“Isso nos permitirá estabilizar a situação na região mais ameaçada de Luhansk”, disse o comandante-em-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Valeriy Zaluzhnyi, na sexta-feira.
Cerco em Severodonetsk
Após semanas de duros combates, as forças de Kiev que lutavam em Severodonetsk vão se retirar da cidade no Leste ucraniano, anunciou o governador Serhiy Gaidai na noite de sexta-feira. A área era o epicentro mais recente do conflito com os russos, e o recuo abre caminho para que o Kremlin amplie seu domínio em Donbass, região que compreende os territórios de Donetsk e Luhansk, em uma das vitórias mais cruciais para o presidente Vladimir Putin desde que a invasão começou, há exatos quatro meses.
“As Forças Armadas ucranianas terão que se retirar de Severodonetsk. Receberam ordens para isto. Permanecer em posições que foram bombardeadas incessantemente durante meses não faz mais sentido”, escreveu Gaidai, o governador de Luhansk, em seu canal oficial no Telegram, afirmando que a cidade foi “quase transformada em escombros” pelos bombardeios contínuos. “Todas as infraestruturas críticas foram destruídas: 90% da cidade foi danificada e 80% das casas terão que ser demolidas.”
A conquista da cidade, na margem leste do rio Donetsk, permitirá aos russos concentrarem seus esforços na tomada da cidade vizinha, Lysychansk, que fica do outro lado do rio e é a última sob controle ucraniano em Luhansk. Inicialmente fora da lista de prioridades russas após a invasão iniciada no dia 24 de fevereiro, as cidades voltaram a serem lembradas após a mudança nos planos de Moscou, no final de março.
As forças de Moscou também estão concentrando sua ofensiva na vizinha Lysychansk, que está quase cercada. A situação é sombria para os habitantes que decidiram ficar. Liliya Nesterenko explica que sua casa não tem gás, água e eletricidade, então ela cozinha com sua mãe em uma fogueira. No entanto, o homem de 39 anos está otimista. ”
“Acredito em nosso Exército ucraniano, eles devem ser capazes de enfrentar [os russos]”, disse à AFP.