Segunda-feira, 27 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 26 de janeiro de 2025
Brasileiros relataram problemas com alimentação, falhas técnicas, maus-tratos e agressões no voo americano.
Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilO vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), parabenizou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, por determinar a remoção das algemas dos brasileiros deportados dos Estados Unidos.
Alckmin também falou sobre o envio do avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para levá-los ao destino final, em Minas Gerais. O vice de Lula ainda citou um trecho da Constituição que aborda os Direitos Humanos.
“Nossa Constituição estabelece a dignidade da pessoa humana como princípio republicano basilar e a prevalência dos direitos humanos como um dos eixos das suas relações internacionais”, afirmou.
Na noite desse sábado (25), o chanceler Mauro Vieira se reuniu com o superintendente interino da Polícia Federal no Amazonas, Sávio Pinzón, e com o major-brigadeiro Ramiro Pinheiro, comandante do 7º Comando Aéreo Regional, em Manaus. Pinzón e Pinheiro relataram a Vieira sobre o que passaram os brasileiros repatriados.
O voo com 88 brasileiros pousou no Aeroporto Internacional de Manaus (AM) na sexta (24) ao invés de ir diretamente para o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte-Confins, em Minas Gerais.
A aeronave pousou em Manaus para fazer um reabastecimento. Porém, durante o procedimento, apresentou problemas técnicos no ar-condicionado, causando um princípio de tumulto entre os passageiros, levando o cancelamento do prosseguimento a Minas.
Os brasileiros estavam sendo transportados algemados pelos EUA. Já no Brasil, o Ministério da Justiça determinou a retirada das algemas, classificadas pela pasta como um “flagrante desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”.
Já em Confins, brasileiros relataram problemas com alimentação, falhas técnicas, maus-tratos e agressões no voo americano. Ao todo, o grupo era composto por 88 pessoas — quatro brasileiros ficaram em Manaus.
Luiz Fernando, do interior de Minas, estava há um ano e meio nos Estados Unidos. Detido há 40 dias no país, o brasileiro relatou que um compatriota chegou a receber um mata-leão e a desmaiar com o golpe.
“A gente se alimentou (no voo), mas não muito”, disse. “Eu fiquei muito abalado com o tratamento que eles deram. Meu Deus do céu… Nunca vi algo daquele jeito”, acrescentou.
Luiz Antônio, de 21 anos e que vivia, no Brasil, em Teófilo Otoni (MG), disse que os brasileiros foram tratados “como diziam que seriam tratados os imigrantes”. “Não podíamos falar nada”, afirmou.
Mais de um brasileiro relatou que, quando agentes da Polícia Federal (PF) quiseram entrar no voo em Manaus, os agentes americanos tentaram desalgemá-los.
“Foi a pior coisa que passei na minha vida”, disse Aelinton Cândido, de 43 anos, de Divinópolis (MG).
Brasileiros também relataram problemas desde a detenção em solo americano.
“Até os cachorros do Brasil estavam comendo melhor que a gente lá”, disse Lucas Gabriel, de Betim (MG), de 23 anos. “Só pão, água, cereal…”, acrescentou.
Ele disse que estava há cinco anos nos EUA, trabalhando na construção civil, e que foi deportado após ser pego dirigindo sem carteira de motorista.
“Não faço isso nunca mais”, afirmou Carlos Vinícius, de 29 anos.
Natural de Vespasiano, na Grande BH, Carlos tentou entrar ilegalmente nos EUA, mas acabou sendo preso na fronteira com o México.
“Fui lá para ganhar a vida, pois aqui (Brasil) está difícil”, afirmou.
Vinicius relatou ter desembolsado cerca de 30 mil dólares para entrar nos EUA. Sem sucesso, ficou preso por oito meses, até a deportação.