Um dia após o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) determinar que a partida entre Botafogo e Palmeiras, pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro, seja suspensa temporariamente, a CBF foi notificada pelo órgão nesta quarta-feira (29) e atualizou a tabelo do torneio, retirando os pontos do time paulista, vencedor do duelo.
No site oficial da entidade máxima do futebol brasileiro, o Palmeiras ainda aparece como líder, mas com 13 pontos e cinco jogos disputados, um a menos do que os demais times do Nacional, com exceção justamente ao Botafogo. A atualização foi feita às 12h47min (de Brasília).
Com a suspensão temporária da partida, a vantagem do time alviverde para o segundo colocado, o Atlético-MG, caiu de quatro para um ponto. A tabela permanecerá assim até que o STJD julgue o caso.
A equipe carioca entrou com uma representação no tribunal, alegando que houve um erro de direito na partida, em um lance com intervenção do VAR (árbitro de vídeo). O Botafogo pede a anulação do jogo.
O clube alega que o árbitro de vídeo não poderia ter sido utilizado para mudar o lance que resultou no pênalti em cima de Deyverson depois que o jogo já havia sido reiniciado pelo árbitro Paulo Roberto Alves Júnior.
Os alvinegros se baseiam no protocolo do VAR da Fifa e no artigo 254 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). De acordo com o estabelecido pela entidade, “se o jogo parou e recomeçou, o árbitro só pode revisar um lance (no VAR) no caso de identidade trocada ou potencial expulsão”.
O protocolo, no entanto, afirma que “a princípio, uma partida não é invalidada por causa de revisões sobre uma situação ou decisão não-revisável”.
“O vídeo é claro, ele deu início ao jogo. No pior dos cenários vão manter o resultado, mas estamos contribuindo para a melhoria do futebol brasileiro”, ponderou Domingos Fleury, vice jurídico do Botafogo.
Já o código prevê um imbróglio jurídico em caso de aceitação do pedido de impugnação da partida, já que o resultado não seria homologado até uma decisão final, o que tiraria os holofotes do Campeonato Brasileiro do campo para o tribunal.
A atual cúpula do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, que entende que nem mesmo um erro direito pode cravar a anulação do jogo, tem procurado interferir o mínimo possível no andamento das competições, o que também coloca um freio na ambição dos cariocas.
A esperança do Botafogo, no entanto, reside no fato de que o STJD anulou a partida entre Ponte Preta e Aparecidense.
No entanto, ali ficou comprovado que pessoas alheias ao jogo entraram no campo e conversaram com o juiz Leo Simão Holanda, que validou um gol e mudou de ideia 16 minutos depois.
A cúpula do Botafogo também admite que a dificuldade para a remarcação do jogo e questões comerciais e políticas possa ser um empecilho.
Uma eventual derrota na Justiça não desanima os dirigentes do clube, que entendem que a medida pode servir de pontapé inicial para uma nova atuação do VAR nas partidas. Mesmo ante as dificuldades, a direção do clube protocolou o pedido pela anulação.
“Nossa atitude vai fazer com que nenhuma arbitragem reinicie o jogo como aconteceu. É uma batalha dura. Essas questões extras são nossas maiores adversárias”, completou Fleury.
Relembre o lance
Em uma disputa de bola na área entre o zagueiro Gabriel e o atacante Deyverson, o palmeirense cai e o árbitro aponta simulação, inclusive, aplicando o cartão amarelo. Pouco depois, o juiz Paulo Roberto Alves Junior é chamado pelo árbitro de vídeo, analisa o lance e volta atrás, marcando pênalti com a alegação de que Gabriel pisou no palmeirense.