Por Redação O Sul | 20 de julho de 2015
O estereótipo do jovem revoltado, que rompe com a família e a sociedade e deseja viver em um mundo à parte, não combina com o brasileiro que tem entre 16 e 24 anos. O retrato dessa geração feito pela pesquisa Datafolha, que ouviu jovens de todo o Brasil, mostra um perfil ligado à família e que valoriza muito o trabalho e o estudo.
Saúde, família, trabalho e estudo foram os itens considerados importantes ou muito importantes pelo maior número de jovens. Eles são, para essa geração, mais representativos que amigos, dinheiro, internet e sexo. Um dos motivos para isso, segundo Edna Ponciano, especialista em psicologia da família, é que os jovens estão saindo de casa cada vez mais tarde. “Ninguém quer perder o aconchego diante de perspectivas que podem assustar e gerar insegurança”, afirma.
O trabalho e o estudo aparecem novamente quando a geração que tem hoje de 16 a 24 anos fala de seus sonhos. Alcançar o emprego ou profissão desejados é a aspiração mais frequente – entre as ocupações mais citadas estão médico, advogado e engenheiro.
“É um raciocínio ponderado e pragmático, não tem idealismo romântico. Desde a década de 1990, o jovem tem muito ceticismo em relação às grandes transformações do País, por isso canaliza aspirações para ideais bem tangíveis”, diz o psicanalista Tiago Corbisier Matheus.
E já que é para ter a profissão dos sonhos, a maioria prefere um cargo mais alto, com mais responsabilidade e maior remuneração, do que uma posição mais modesta. James Santos, 23, é um exemplo dessa ambição. Estudante de matemática, ele é consultor em uma grande empresa e espera que aos 30 anos seja um diretor. “Acho completamente possível. Bastam esforço e dedicação”, afirma.
Para a consultora de carreiras Adriana Gomes, pode haver exagero nessa busca. “Vejo jovens com 28 anos frustrados, achando que ainda não chegaram à posição que deveriam. Mas eles ainda são muito novos”, diz.
Muitos jovens também desejam que a vida os leve a outras terras: 65% declaram que têm um pouco ou muita vontade de morar fora do País para sempre. Em uma pesquisa Datafolha de 2008, esse percentual era de 42%. (Folhapress)
