Quarta-feira, 12 de março de 2025
Por Redação O Sul | 11 de março de 2025
A primeira reunião oficial de Gleisi Hoffmann como ministra da Secretaria de Relações Institucionais teve como um dos temas a queda da popularidade do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a discussão sobre como medidas do governo podem ajudar a recuperar os índices de aprovação nos próximos dois anos.
Segundo os presentes, esse debate foi levantado na conversa pelos parlamentares — líderes de partidos de esquerda —, com a expectativa de que projetos e medidas aprovadas pelo governo nos últimos dois anos devem ter resultados positivos daqui para frente, como medidas de redução de preço de alimentos.
O projeto para isentar de imposto de renda quem ganha até R$ 5 mil também foi apresentado como uma prioridade que pode melhorar a imagem do governo. A expectativa é que o texto chegue ao Congresso ainda este mês, alguns líderes dizem que até o dia 18.
A ministra ouviu dos líderes que é necessário o governo ter uma “marca” para os próximos dois anos e recebeu como sugestão resgatar projetos e medidas não tão falados, que possam ter impacto popular, como ações voltadas para caminhoneiros e a desburocratização da Carteira Nacional de Habilitação.
Líderes também perguntaram como a comunicação do governo, agora comandada por Sidônio Palmeira, está conduzindo as novas estratégias para ampliar a popularidade de Lula. E argumentaram que, embora os indicadores econômicos não estejam ruins, Lula não consegue capitalizar politicamente o que tem feito.
Gleisi disse no encontro que vai ter uma postura mais próxima do congresso e irá ligar diretamente para cada líder, além de colocar na mesa o mapa de quantos cargos cada partido tem. Vai também dar prioridade para os parceiros, o que significa celeridade em liberação de emendas.
Líderes pediram a Gleisi para que os temas sejam tratados com antecedência com eles, para que acordos sejam bem amarrados e não haja surpresa nos projetos enviados pelo Planalto. Parlamentares disseram que é difícil “lutar contra o tempo” quando Planalto age de última hora. Os deputados aproveitaram a oportunidade para pedir retorno das demandas que forem levadas ao governo para que assuntos “não fiquem sem destino”.
Gleisi repetiu aos líderes que sabe a diferença de ser presidente do PT e ministra do governo, e também afirmou que terá uma postura parceira com os líderes.
O almoço aconteceu nessa terça-feira (11), no Palácio do Planalto, um dia após a posse da ministra, sem a presença de representantes do Centrão. Estiveram presentes apenas parlamentares que já são da base do governo, José Guimarães (PT-CE), Renildo Calheiros (PCdoB-PE), Luciano Amaral (PV-AL), Talíria Petrone (PSOL-RJ), Mario Heringer (PDT-MG), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Pedro Campos (PSB-PE).
“Ela inicia um ambiente de conversa com as bancadas que apoiam o governo. Ainda hoje sou amanhã tem reunião com o outro bloco mais ao centro, de forma que ela quer deixar nessa semana o diálogo pavimentado e pacificar o ambiente na Câmara”, afirmou Guimarães ao deixar o encontro.
Segundo Farias, o almoço serviu para “entrosar” os líderes. O líder do PT foi o primeiro a deixar o encontro. Ele seguiu direto para uma reunião com o presidente da Câmara para tratar sobre o comando das permanentes da Casa. O PT briga com o PL pelo comando da Comissão de Relações Exteriores.
O objetivo era fazer um encontro de aproximação, alinhar estratégias dentro da agenda do Congresso e discutir as prioridades do governo ao longo do ano. O Executivo precisa aprovar o Orçamento da União na próxima semana para conseguir liberar recursos e não atrasar o andamento de programas e, na sequência, quer apresentar e aprovar projeto para isentar de imposto de renda quem ganha até R$ 5 mil.
Gleisi também conversou com outros líderes. Na noite de segunda (10), falou ao telefone com o líder do PSD na Câmara, Antonio Britto (BA). No domingo (9), a nova ministra se reuniu com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). No mesmo dia, se encontrou com o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), que chegou a ter o nome cotado para assumir a Secretaria de Relações Institucionais em seu lugar.
Isnaldo foi um dos poucos líderes dos partidos de centro a comparecerem na posse da nova ministra em Brasília. Apesar de ter sido uma cerimônia lotada, em que foi preciso utilizar um salão a mais no Palácio do Planalto para acomodar todos os convidados, poucos líderes de partidos aliados da Câmara e do Senado estiveram presentes. (O Globo)