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Porto Alegre “Nova tempestade dentro da tempestade”, diz o prefeito de Porto Alegre sobre os alagamentos na cidade

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O prefeito Sebastião Melo afirmou que a chuva extrema foi acima do que era esperado e piora ainda mais a situação da cidade.

Foto: Divulgação/DMLU/PMPA
O prefeito Sebastião Melo afirmou que a chuva extrema foi acima do que era esperado e piora ainda mais a situação da cidade. (Foto: Divulgação/DMLU/PMPA)

Enquanto parte dos bairros continuavam debaixo d’água, áreas onde a inundação havia baixado voltaram a ser tomadas pela enchente em Porto Alegre e mais cidades da região metropolitana da cidade nesta quinta-feira (23). A situação ocorre em meio a um sistema de prevenção e bombeamento colapsado, chuva intensa e aumento no vento que represa o escoamento do Lago Guaíba, com as águas avançando até por locais antes não afetados.

O prefeito Sebastião Melo afirmou que a chuva extrema foi acima do que era esperado e piora ainda mais a situação da cidade, atingindo mais bairros.

“Aquilo que era o problema das áreas alagadas estendeu-se praticamente por toda a cidade com essa chuvarada”, afirmou em coletiva de imprensa.

Ele chamou a situação de uma “nova tempestade dentro da tempestade”. “É evidente que o alerta é para toda a cidade neste momento, com foco, evidentemente, nessas áreas já alagadas.”

A população voltou a reclamar da falta de orientação sobre para onde se destinar e o cenário estimado de avanço da água. “A prefeitura não foi pega de surpresa. A gente sabia que iria chover. Agora, a quantidade de chuva foi excessivamente forte pela manhã”, justificou o prefeito.

Com o agravamento da situação ao longo da manhã, a prefeitura determinou a suspensão das aulas nas escolas privadas e públicas onde tinham sido retomadas. Parte dos estabelecimentos ainda estava fechada pelo impacto e permanência da enchente em bairros da cidade. O fechamento de outros equipamentos públicos em áreas alagáveis, como postos de saúde, também foi anunciado.

Além disso, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) vai fechar novamente as comportas de contenção do sistema . O órgão anunciou que fará barreiras com sacos nos locais onde os portões foram arrancados pelo poder público (a fim de acelerar o escoamento nos últimos dias) ou afetados pelas águas.

O acúmulo de água atinge tanto bairros afetados em que a água estava baixando, como Menino Deus, Cidade Baixa e Centro Histórico, quanto outras que tiveram menor ou nenhuma inundação anteriormente, principalmente na zona sul, como na Cavalhada, na Restinga e na Ponta Grossa. Com a situação, foi necessário realizar o resgate de pessoas ilhadas, principalmente na zona sul, onde a maior parte não é protegida por diques.

Na coletiva de imprensa, Melo também respondeu às críticas da população.

“Tão logo começou a acontecer, tomei a decisão: vim para o Dmae e para a Comissão Permanente de Crise, e tomamos as decisões. Alguém há de dizer: ‘Prefeito, você poderia ter feito isso ontem’. Esse pode ser o questionamento de muitos e eu respeito essa posição. Mas penso que nós agimos”, justificou. “Em um momento de crise, tudo é difícil. Poderiam ter suspendido as aulas? Talvez pudéssemos”, completou.

“Há sim, sem dúvida nenhuma, pelo volume de chuvas, aquilo que já era problemático potencializou fortemente com essa chuvarada. Você tem uma cidade que está completamente alagada nesses últimos 20 dias e cai mais 100 mm de chuva por m² em toda a cidade, evidentemente que isso potencializa enormemente.”

Já o diretor-geral do Dmae, Maurício Loss, apontou que o acúmulo de lodo e sujeira também tem contribuído com a dificuldade de escoamento da água. “Temos uma rede extremamente sobrecarregada, seja por água, na sua capacidade reduzida, porque há um grande acúmulo de areia e lodo depositado sobre essa rede. Então, diminui ainda mais a eficiência dessa rede, o que faz com a água fique mais superficial, visto que tivemos um grande volume de chuva”, apontou.

Além disso, defendeu que o departamento tem buscado retomar o sistema de bombeamento nas casas de bombas colapsadas. Atualmente, 10 das 23 estão em funcionamento, de forma parcial. No auge da crise, apenas quatro operavam.

“Fora dessa catástrofe que estamos vivendo, em uma situação normal em Porto Alegre, esse volume acumulado de chuva em um curto período, que são 15 horas, já estaria nos trazendo problemas”, afirmou Loss.

“Só que agora temos o somatório do Guaíba extremamente alto, de todos os arroios que desembocam no Guaíba sem a capacidade de desaguar no Guaíba, o solo está completamente encharcado e não consegue absorver a água. Então, tudo isso influencia para que a gente tenha alagamentos em pontos novos.”

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