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Nova York inicia a retomada das atividades econômicas, após três meses do surto do coronavírus

A cidade de Nova York registrou mais de 22 mil mortos por coronavírus desde março. (Foto: Reprodução)

Exatamente 100 dias após o primeiro caso de coronavírus ter sido confirmado na cidade de Nova York, centenas de milhares de trabalhadores começaram a retornar aos seus empregos nesta segunda-feira (8), que marca o início da Fase 1 do plano de desconfinamento na metrópole, onde a epidemia matou quase 22 mil pessoas.

Pela manhã, pessoas que estavam em casa há meses embarcavam em trens do metrô e ônibus na cidade mais populosa dos EUA, iniciando uma jornada esperançosa em direção à recuperação econômica.

“Este é claramente o lugar mais difícil dos EUA para se chegar a esse momento, porque somos o epicentro”, disse o prefeito Bill de Blasio em entrevista coletiva no Brooklyn Navy Yard.

De longe a cidade mais afetada dos EUA, Nova York informou que a taxa de pessoas com teste positivo para o novo coronavírus caiu para 3%, bem abaixo do seu limite de reabertura de 15%.

Como cerca de 400 mil trabalhadores retornaram a 32 mil canteiros de obras, centros de atacado e manufatura e alguns locais de varejo em toda a cidade, De Blasio os incentivou a usar máscaras e a respeitar o distanciamento social para manter os casos Covid-19 em uma tendência descendente — particularmente aqueles que usam transporte de massa para chegar ao trabalho.

“Sabemos que a reabertura significará que as pessoas estarão próximas umas das outras, e precisamos manter isso em vista”, disse De Blasio, que informou que máscaras faciais gratuitas e desinfetante para as mãos estavam sendo entregues por 800 agentes de segurança nas estações de metrô.

Ainda segundo o prefeito de Nova York, para aumentar o espaçamento entre os passageiros durante as viagens, a cidade vai abrir 32 quilômetros de novas rotas de ônibus e implantar novas faixas de ônibus até outubro. Autoridades estaduais e municipais disseram estar otimistas de que a cidade começaria a voltar à vida.

Assim como outras nove regiões do Estado, Nova York foi obrigada a cumprir sete métricas relacionadas à saúde antes de começar a reabrir. A metrópole foi a última parte do Estado a fazê-lo — grande parte do Norte do Estado já passou para a Fase 2, que permite a abertura da maioria das lojas, escritórios e salões de beleza, com restrições de capacidade e distanciamento social.

Segundo o The New York Times, o caminho de volta, no entanto, será desafiador. Mais de 885 mil empregos desapareceram durante o surto, e ganhos robustos não são esperados para a cidade até 2022. O orçamento da cidade também sofreu com a queda de receita tributária e agora enfrenta um déficit de US$ 9 bilhões para o próximo ano.

A retomada das atividades econômicas também coincide com um momento em que a população tomou as ruas da cidade. Nos últimos dias, elas foram palco de uma série de protestos antirracistas  após a morte de George Floyd, um homem negro assassinado por um policial branco em 25 de maio, em Minneapolis.

Autoridades estão monitorando de perto os indicadores da propagação do vírus, para evitar que a curva de infecção recentemente achatada volte a subir, o que sobrecarregaria o sistema de saúde, como aconteceu no início da pandemia em Nova York em março.

Além do alto risco de transmissão da doença durante as manifestações, centenas de lojas foram tomadas por saqueadores que aproveitaram os protestos para atacar os distritos comerciais, de Midtown ao Bronx. Os donos das lojas se esforçaram para bloquear as janelas com tapumes de madeira. A polícia chegou a aplicar um toque de recolher noturno, que foi suspenso no domingo (7).

Autoridades afirmam que uma decisão sobre avançar para a segunda fase do desconfinamento não deve ser tomada por pelo menos duas semanas, quando os efeitos dos protestos na saúde pública  se tornarem mais claros.

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