Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Carlos Alberto Chiarelli | 23 de setembro de 2023
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Desde 1º de janeiro de 2023, Lula visitou o trio poderoso em termos de localização geográfica (as Américas, a Ásia e a África), mas também utilizou em roteiros mais simples e sempre viajando no FAB (Força Aérea Brasileira) – 01, em aeronaves que em companhias particulares carregam até 200 viajores. Necessário esclarecer que o Presidente e seus funcionários e amigos tinham tomado precauções para que pudessem ir bem à vontade com um conjunto de, no máximo, 55 pessoas (assessores, comissários, despachantes, mecânicos, etc.).
Visitou, no início das suas andanças, como é um “diplomata histórico”, o nosso vizinho, para agradecê-lo pelas várias vezes que o Presidente da Argentina, Antônio Fernandes, tivera no Brasil durante a campanha, afirmando que lá estava para ajudar seu amigo, Lula da Silva. Parece que o potencial eleitoral e administrativo do senhor Fernandes não é nada capaz de que se julgue pelo seu feitio com êxito. Politicamente, é peronista, o que não quer dizer quase nada, pois, disse-me um amigo, que na Argentina é “ser alguma coisa ou não ser nada”. Quase todos são e, se cometermos o gesto indiscreto de pedir que expliquem o que é, a quase totalidade dirá que não sabe.
Lula aproveitou a visita para cobrar do país amigo um débito que ultrapassava a casa dos 2 bilhões. A resposta das autoridades portenhas foi rápida: “O país está em crise. Quase a falir. Não temos a menor intenção nem condições de pensar em satisfazer esse encargo”. De qualquer maneira, quando Lula perguntou ao presidente Fernandes como ele via a situação político partidária de seu país, a resposta foi a que desistira de concorrer à reeleição presidencial. E completou: “Isso, somente porque estou muito cansado. As dificuldades econômicas me fazem gastar todas as energias. Não aguentaria uma campanha eleitoral”.
Fez caso omisso do resultado dos prévias nacionais em que sua legenda ficou em 4º lugar e os primeiros lugares foram alcançados por empresários jovens e de postura surpreendentes.
Aproveitou, Lula, dois dias depois, para embarcar em Ezeiza, dirigindo-se para uma visita, num destino a que ele costumava comparecer. Chegou a Cuba sendo fraternalmente recebido pelo governo comunista, que desde os tempos em que o Fidel estava na presidência foi um freguês insistente que, reiteradas vezes, pressionou o ex-metalúrgico brasileiro a dar cobertura oficial a eventos de interesse dos partidos de esquerda, especialmente do PT. Afinal, ele não podia esquecer que fora, por muito tempo, fundador e presidente do partido.
Uma grande parcela da dívida cubana estava ligada à famosa construção do Porto de Havana. Com o pedido de Fidel e a boa vontade (na verdade, a decisão) de Lula, assegurou-se a Odebrecht um direito discutível de fazer obra tão importante que só ela superava o preço de 1 bilhão de dólares. Aliás, é bom entender que foi, em grande parte, por esse apoio financeiro que a empresa brasileira tomou conta da maioria das obras públicas no país caribenho. E excusado dizer que a iniciativa do presidente brasileiro, fazendo as vezes de cobrador das contas derivadas de empréstimos políticos para quem se presumia desde o início que não pagaria, acabaria mais ou menos do jeito que, se não está acabando, está se agravando a cada 24h.
Interessante nesse quadro político econômico (também penal) é que todos esses empréstimos foram concedidos por presidentes brasileiros firmemente ligados ao PT (Lula, Dilma, etc.) e também beneficiando sempre esquerdistas radicais que se incorporaram nessa prática que lhes era muito valiosa. Por exemplo, desde a questionada Nicarágua com suas guerras civis e com o chefe vermelho, Daniel Ortega, periodicamente reiniciando rebeliões enquanto não pudera chegar ao poder, até a Venezuela com a ridícula figura de Maduro, o padrão intelectual dos presidentes é, no mínimo, lastimável.
É bom lembrar a história que Maduro contou de que, quando, com a morte do coronel Charles, ex presidente (e de quem ele era vice), temendo que o povo não lhe desse a popularidade que nunca teve, narrava a pessoas de grande responsabilidade que todas as manhãs, depois de abrir as janelas de seu gabinete, esperava a chegada de um passarinho colorido que trazia mensagens do Coronel Chaves para ele e que, graças a isso, consolidou-se no poder.
Aliás, Maduro é devedor de parcelas superior a um bilhão de dólares que ele as obteve pelos seus laços comunistas com autoridades brasileiras que voltaram a oferecer novos créditos (imagine qual é o critério de seriedade que pode levar um credor de um devedor permanente a abrir novos créditos). Parece que os brasileiros governantes tem uma ingenuidade financeira que não permite que respondam por valores tão importantes de credito que são da sociedade nacional, que são crédito público.
Vamos considerar que os exemplos acima relacionados são acompanhados por outras situações tão perigosas e irresponsáveis como as descritas. Dessa maneira, só Jesus Cristo (operando milagres) ou um tribunal rigoroso (colocando às claras os quadros expostos) podem sanear as dívidas que confortáveis viagens em Boeing 01 não vão nunca resolver.
Carlos Alberto Chiarelli foi ministro da Educação e ministro da Integração Internacional
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
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