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Novo coronavírus: tudo o que se sabe até agora sobre o vírus com “potencial pandêmico”

Testes em laboratório mostram que a nova cepa pode ter a mesma capacidade de se espalhar em humanos como a Sars-CoV-2. (Foto: NIAD)

Um novo tipo de coronavírus encontrado em morcegos de Hong Kong, na China, pode ter a mesma capacidade de se espalhar em humanos do que a Sars-CoV-2, que causou a pandemia da covid-19. O achado ocorre algumas semanas antes da pandemia global completar cinco anos no Brasil. O estudo feito em conjunto pelo Instituto de Virologia de Wuhan e pelo Laboratório de Guangzhou foi publicado pela revista Nature.

Chamado de HKU5-CoV-2, a nova cepa é um coronavírus pertencente à família de patógenos merbecovírus. Vírus dessa família foram detectados em visons e pangolins – o animal que se acredita ser o intermediário da covid entre morcegos e humanos.

Segundo os pesquisadores, os dois vírus conseguem se ligar à enzima conversora da angiotensina 2 (ACE2) para infectar as células. Os testes em laboratório até o momento mostram que a nova cepa pode contaminar células humanas, porém, felizmente, até o momento o HKU5-CoV-2 não foi detectado em humanos.

Os cientistas do Laboratório de Guangzhou, liderados pela virologista, Shi Zhengli, uma das maiores pesquisadoras em coronavírus em morcegos, e que trabalhou diretamente no Instituto de Virologia de Wuhan durante a pandemia de coronavírus, publicaram que o coronavírus contaminou tecidos pulmonares e intestinais cultivados artificialmente com células humanas.

Entretanto, os especialistas afirmam que “os riscos de disseminação do vírus para humanos precisam ser investigados”.

Riscos

Em entrevista à CNN Brasil, o infectologista Alexandre Naime, coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia e chefe de Departamento de Infectologia da Unesp, explica que “esse é apenas um achado científico de uma vigilância genômica que é feita rotineiramente em morcegos, porque eles abrigam milhares de vírus que potencialmente podem ser transmitidos para outros animais, incluindo seres humanos”.

O médico esclarece que por enquanto o HKU5-CoV-2 foi identificado apenas em morcegos e apenas em tese ele pode ser transmitido para seres humanos, mas isso ainda não aconteceu, há apenas potencial. Ele ainda reforça que adquirimos aprendizados com a pandemia de covid-19, principalmente a vigilância genômica que é feita nesse estudo.

“Por exemplo, se ele for identificado em aves de criação, em granjas, em criadouros de porcos, isso fica mais próximo do ser humano. Então essa vigilância é muito importante para estarmo um passo a frente dos vírus, antes de eles se adaptarem aos seres humanos”, pondera o especialista.

Ele explica que não necessariamente esse vírus pode representar um risco à saúde humana. “O HKU5-CoV-2 é muito parecido com outro vírus dessa família que causa o resfriado comum, então ele até pode um dia ser transmitido, por exemplo, para aves de consumo e depois seres humanos, mas talvez ele não cause síndrome respiratória aguda grave”, contextualiza.

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