Quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de novembro de 2018
O rei emérito da Espanha, Juan Carlos I, se envolveu em mais uma controvérsia ao ser publicada na segunda-feira (26) uma fotografia em que ele aparece cumprimentando o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, suspeito de envolvimento no assassinato do jornalista Jamal Khashoggi.
A foto, que apareceu em vários jornais espanhóis, foi tirada no domingo durante o Grande Prêmio de Fórmula 1 em Abu Dhabi e divulgada na conta do Twitter do Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita (@ KSAmofaEN). MBS, como o príncipe é conhecido, está em viagem por países árabes.
Ela foi criticada por líderes políticos e jornais espanhóis. Os partidos Podemos e Esquerda Unida, contrários à monarquia, reagiram imediatamente no domingo à noite ao encontro inesperado entre Juan Carlos I e o líder de fato saudita. “É humilhar a Espanha e os espanhóis”, criticou no Twitter Pablo Echenique, um dos principais líderes do Podemos.
“As amizades dos Bourbons são um reflexo fiel de uma era que deve acabar”, disse Alberto Garzón, líder da Esquerda Unida. “A foto da vergonha”, publicou o jornal “El Mundo”.
Fontes do Palácio da Zarzuela disseram na segunda-feira que o cumprimento entre o rei emérito e o príncipe foi “estritamente formal, sem transcendência institucional” e que “não houve reunião anterior, nem mais tarde”.
O rei Juan Carlos, da dinastia dos Bourbons, abdicou em 2014 após inúmeros escândalos. Seu filho, Felipe VI, assumiu o trono e tenta recuperar o prestígio da Coroa.
Em 2012, ainda no trono, o rei Juan Carlos I se viu obrigado a ir à TV pedir desculpas por ter feito um safari em Botsuana, que lhe rendeu uma fratura no quadril e uma enxurrada de críticas por gastar dinheiro com caça a elefantes no auge da crise econômica no país.
Durante seu reinado, Juan Carlos manteve laços estreitos com a família real saudita, o que permitiu que a Espanha conseguisse contratos importantes com o país.
“O rei emérito é obrigado a ter uma visão do Estado e um senso de oportunidade”, escreveu “El Mundo” nesta segunda-feira. “E é claro que agora não é oportuno ser fotografado com o herdeiro saudita em um ato dessas características”, acrescentou o diário.
De acordo com a mídia americana, a CIA não tem dúvidas sobre a responsabilidade de Mohammed bin Salman no assassinato de Khashoggi no consulado saudita em Istambul em 2 de outubro. O jornalista, crítico ao governo saudita, havia ido à representação diplomática em busca de documentos para se casar de novo. No entanto, nunca saiu.
Depois de oferecer várias explicações contraditórias, o reino admitiu que Khashoggi fora morto e que seu corpo foi esquartejado quando negociações para persuadi-lo a voltar à Arábia Saudita fracassaram. Seu corpo foi desmembrado e teria sido dissolvido em ácido.