O ditado popular: “rir é o melhor remédio”, pode estar certo, segundo uma pesquisa feita por cientistas do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Um estudo envolvendo 26 adultos com idade média de 64 anos, diagnóstico com doença arterial coronariana, demonstrou que rir faz com o tecido dentro do coração se expandir e aumentar o fluxo de oxigênio pelo corpo.
“Nosso estudo descobriu que a terapia do riso aumentou a capacidade funcional do sistema cardiovascular”, disse Marco Saffi, autor principal do estudo e médico do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no Brasil.
As descobertas foram apresentadas na reunião anual da Sociedade Europeia de Cardiologia em Amsterdã, a maior conferência mundial sobre coração.
A doença retratada no estudo é causada pelo acúmulo de placas nas paredes das artérias que fornecem sangue ao coração. No ensaio, os cientistas examinaram se a terapia do riso poderia melhorar os sintomas de pacientes com doenças cardíacas.
Durante três meses, metade dos participantes foi convidado a assistir dois programas de comédia diferentes de uma hora de duração por semana, incluindo comédias populares. A outra metade assistiu a dois documentários com assuntos mais sérios, sobre temas como política ou floresta amazônica.
No final do período de estudo, o grupo que assistiu comédia melhorou 10% num teste que mediu a quantidade de oxigénio que o seu coração conseguia bombear para todo o corpo. Eles também melhoraram no índice de expansão da artéria. O grupo teve um melhor resultado no transporte de sangue.
Eles também fizeram exames de sangue para medir vários biomarcadores inflamatórios, que indicam a quantidade de placa acumulada nos vasos sanguíneos e se as pessoas correm risco de ataque cardíaco ou derrame. Os resultados mostraram que esses marcadores inflamatórios foram significativamente reduzidos em comparação com o outro grupo.
“Quando os pacientes com doença arterial coronariana chegam ao hospital, eles apresentam muitos biomarcadores inflamatórios. A inflamação é uma grande parte do processo de aterosclerose, quando placas se acumulam nas artérias. A terapia do riso poderia ser implementada em instituições e sistemas de saúde como o NHS para pacientes com risco de problemas cardíacos”, afirma Saffi.
Mais pesquisas
O médico afirma que os programas de comédia não precisam ser focados na televisão. Segundo ele, os pacientes podem ir a sessões de comédia ao vivo, ou encorajadas a sair e se divertir com um grupo de amigos e familiares em algumas noites para arrancar boas risadas. “As pessoas deveriam tentar fazer coisas que as fizessem rir pelo menos duas vezes por semana”, diz.
Apesar dos resultados positivos, os pesquisadores afirmam que mais pesquisas devem ser realizadas para chegar a conclusões mais robustas, porém, Saffi, é esperançoso e diz que num futuro próximo, a risada pode ajudar a reduzir a dependência de medicamentos.
“O riso ajuda o coração porque libera endorfinas, que reduzem a inflamação e ajudam o coração e os vasos sanguíneos a relaxar. Também reduz os níveis de hormônios do estresse, que sobrecarregam o coração”.