Um novo estudo, realizado pela Universidade da Pensilvânia e publicado na revista acadêmica oficial da Academia de Ciência dos Estados Unidos (PNAS), encontrou indícios de que uma noite sem sono está relacionada com a melhora do humor em pessoas com o transtorno depressivo maior e também de pessoas saudáveis. A falta de um sono completo é uma área de interesse para pesquisas porque atualmente essa condição é considerada “epidemia pública” pelos cientistas americanos.
A pesquisa descobriu que a amígdala cerebral, responsável pelas emoções em seres humanos e chamada de núcleo “da luta e fuga”, obteve uma conectividade maior com o córtex cingulado anterior, responsável pelas funções autônomas e cognitivas do corpo, após uma noite de privação total do sono. Os testes, realizados no laboratório do Centro de Pesquisa Clínica Translacional do Hospital da Universidade da Pensilvânia, foram feitos por cinco dias em pessoas com e sem o transtorno depressivo.
Os achados do estudo apontam para a importância da conectividade da rede amígdala-córtex cingulado anterior. Segundo os cientistas, ela pode refletir a resiliência neural à interrupção do humor após a perda do sono e, portanto, pode ser um alvo potencial para tratamentos antidepressivos.
De acordo com os pesquisadores, uma possível explicação para as diferenças individuais na influência da privação completa do sono pode residir na duração do sono do movimento rápido dos olhos (REM). A ausência dele pode dar a alguns participantes uma pausa para melhorar o controle de cima para baixo da amígdala, resultando em um efeito antidepressivo.
Os cérebros dos participantes foram mapeados a partir das atividades da região cerebral pela da técnica de ressonância magnética funcional em estado de repouso. A primeira, se deu depois uma noite normal de sono na manhã do segundo dia. Nos grupos com depressão, os participantes tiveram sua segunda sessão de escaneamento na manhã do terceiro dia sem dormir.
Em seguida, os participantes tiveram duas noites de sono reparador e tiveram sua última sessão de escaneamento na manhã do quinto dia. Eles também precisaram completar, nos dias dois e cinco, uma versão reduzida do questionário de 37 itens do Perfil dos Estados de Humor a cada duas horas.
Três sessões de ressonância ao longo do período de testagem gerou em torno de 210 imagens por pessoa. E os resultados mostraram o esperado e o inesperado. A maioria dos participantes obteve um quadro de piora no humor depois de perder uma noite de sono, no entanto, 43% das pessoas com o transtorno experimentaram uma melhora do humor, e os 17 participantes restantes experimentaram piora do humor ou nenhuma mudança.
Além disso, a noite seguinte, de sono restaurador, não fez muita diferença para as pessoas sem o transtorno, pois apresentaram piora ou nenhuma mudança no humor. Enquanto outros participantes, com depressão, obtiveram melhora.