Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 23 de abril de 2025
Avalição criada pelo governo federal será aplicada anualmente e substituirá o Enade.
Foto: FreepikO Ministério da Educação (MEC), em parceria com o Ministério da Saúde, anunciou nesta quarta-feira (23) a criação do Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed). A nova prova substituirá o Enade para os cursos de medicina e será obrigatória para todos os formandos da área.
O Enamed será aplicado anualmente e funcionará como critério de acesso às residências médicas, unificando-se ao Exame Nacional de Residência (Enare). Médicos já formados também poderão fazer o exame, caso desejem ingressar em programas de especialização.
Principais pontos
• Prova obrigatória para estudantes que concluem o curso de medicina;
• Médicos formados poderão participar de forma optativa;
• Aplicação anual, com início previsto para outubro de 2025;
• Exame terá 100 questões em áreas básicas da medicina;
• Resultados serão utilizados para seleção em programas de residência médica.
A avaliação trará questões sobre ginecologia, pediatria, clínica médica, clínica cirúrgica e medicina da família. Atualmente, o Enade conta com 40 questões, mas o Enamed ampliará esse número para 100, com foco nas competências fundamentais da formação médica.
Com a unificação com o Enare, o desempenho no Enamed servirá como base para a escolha das vagas em residências. “A grande diferença é que, agora, o candidato fará o Enamed e sua nota será considerada no Enare. Quem tiver melhor desempenho poderá escolher vagas em qualquer instituição participante”, explicou Arthur Chioro, presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), responsável pela gestão dos hospitais universitários.
Segundo Chioro, a mudança deve ampliar o comprometimento dos estudantes com a prova. “A seriedade dos alunos com o exame tende a aumentar, assim como a adesão das instituições, públicas e privadas, já que a nota será usada para acesso à residência médica”, afirmou.
A previsão do MEC é que cerca de 42 mil estudantes participem da primeira edição do Enamed, além de médicos formados interessados em vagas de residência. A aplicação está prevista para 300 cursos em 200 municípios.
Avaliação
O ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou também que o Conselho Nacional de Educação (CNE) estuda implementar uma prova de progresso a ser aplicada no meio do curso de medicina. O objetivo é identificar, de forma antecipada, eventuais deficiências no processo de formação.
“A avaliação no final do curso apenas identifica o problema, mas não permite mais a correção da formação. A proposta é aplicar um exame intermediário para ajustar os currículos durante a graduação”, explicou Santana.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que esse modelo de avaliação contínua é referência internacional. “Mesmo países que já adotavam exames de ordem, como a OAB, estão migrando para avaliações aplicadas ao longo da formação. É o que há de mais moderno hoje”, disse.
Restrições
O MEC também tem atuado para restringir a abertura de cursos de medicina fora do programa Mais Médicos, voltado à criação de faculdades em regiões com baixa cobertura médica. Entre 2018 e 2023, o programa ficou suspenso, e diversas autorizações foram concedidas por via judicial.
“Recebemos um passivo de cerca de 60 mil novas vagas solicitadas judicialmente. Deste total, apenas 7% estão sendo autorizadas, com base nos critérios estabelecidos pelo edital, como infraestrutura e convênios com hospitais”, destacou Santana.