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Novo governo conservador da Suécia extingue o Ministério do Meio Ambiente

Pasta passa a integrar o Ministério de Negócios e Energia em nova composição do Gabinete. (Foto: Reprodução)

O novo governo conservador da Suécia, eleito pelo Parlamento na última segunda-feira (17) com apoio da extrema direita, anunciou o fim do Ministério do Meio Ambiente na formação do Executivo. Críticos apontam o movimento como um indicativo das políticas que estão no horizonte da gestão e podem ameaçar as metas ambientais do país, amplamente visto como uma liderança global em questões climáticas.

Desde 1987, o país nórdico tem um ministério separado para tratar dos temas ligados ao meio ambiente. Esse legado agora é posto em xeque depois de o primeiro-ministro Ulf Kristersson decidir que a nova responsável pela agenda ambiental, Romina Pourmokhtari, de 26 anos, se reportará ao Ministério de Negócios e Energia, sob comando da vice-primeira ministra Ebba Busch.

A mudança preocupa a oposição sueca, agora liderada pelo Partido Social-Democrata, que comandava o governo antes das eleições gerais de setembro, e especialistas da área.

“É lamentável, mas não me surpreende, pois os planos do governo indicam um desmantelamento da política ambiental”, disse Mikael Karlsson, pesquisador da Universidade de Uppsala, ao jornal Dagens Nyheter. “Seus subsídios ao alto consumo de eletricidade e combustíveis fósseis estão em desacordo com os fundamentos da política ambiental em vigor nos últimos 50 anos.”

O governo de Kristersson é fortemente dependente da extrema direita dos Democratas Suecos, único partido no Parlamento que não apoia o objetivo de zerar até 1945 as emissões líquidas de gás carbônico, que provoca o aquecimento do planeta. Parlamentares anti-imigração também se opuseram às ambições da Suécia de ser um modelo em matéria de mudança climática.

A Suécia ficou atrás apenas da Dinamarca no Índice de Desempenho da Mudança Climática, ranking global que avalia as políticas climáticas em 60 países, publicado em novembro do ano passado. O maior país nórdico liderou a lista nos quatro anos anteriores.

As metas climáticas da Suécia ajudaram a impulsionar a chamada “revolução industrial verde” no Norte do país, que desfruta da abundância de energia hidrelétrica. Ali, a empresa sueca Northvolt AB começou a fabricar baterias de veículos elétricos para as maiores montadoras da Europa e duas siderúrgicas estão se preparando para iniciar a produção em larga escala de aço sem uso de fósseis.

Em contrapartida, os Moderados, partido de Kristersson, e as outras legendas de sua coalizão afirmam que o aumento da produção de energia nuclear é a chave para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O porta-voz para política climática dos Democratas Suecos, Martin Kinnunen, disse que os anos em que usinas nucleares eram fechadas “vão acabar agora”. Ele afirmou que o partido “vigiará de perto para que isso se torne realidade”.

A aliança quadripartite que concordou em formar o novo governo na semana passada disse que procuraria baixar os preços dos combustíveis, em parte reduzindo a porcentagem de biocombustíveis que tem que ser misturada ao gás e ao diesel para o nível mínimo exigido pela União Europeia.

Isso tornaria mais difícil atingir a meta de reduzir 70% das emissões dos transportes até 2030 e também poria o novo governo em desacordo com uma indústria emergente de biocombustíveis que está investindo fortemente no uso de fontes renováveis.

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