Apoiado por partidos governistas, de centro e da oposição, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) foi eleito nesse sábado (1º) presidente da Câmara dos Deputados para o biênio 2025-2026. Ele recebeu 444 dos 513 votos da Casa, sucedendo Arthur Lira (PP-AL), que chancelou sua candidatura.
O político paraibano foi apoiado por um bloco formado por 17 partidos e 494 deputados. Integram o bloco PL, PT, PCdoB, PV, União, PP, Republicanos, PSD, MDB, PDT, PSDB, Cidadania, PSB, Podemos, Avante, Solidariedade e PRD. Ele concorreu com os deputados Marcel Van Hattem (Novo-RS), que obteve 31 votos, e Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ), que teve 22 votos. Outros 2 votos foram em branco.
Os acordos com as bancadas para a eleição foram articulados ainda em outubro do ano passado. O deputado recebeu o endosso formal de quase todos os partidos da Casa, com exceção do PSOL e do Novo que lançaram candidatos próprios.
Dias antes da eleição, Motta participou de jantares com as bancadas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Além de congressistas de diferentes partidos, inclusive do PT, os eventos reuniram governadores, prefeitos, chefes de partidos e ministros do governo Lula. Também participou de eventos em Brasília na véspera da votação.
No seu discurso no plenário nesse sábado, antes da eleição, Motta fez diversos acenos às forças políticas da Casa, como para governistas, oposição, partidos pequenos, siglas de centro e a bancada feminina.
Em contraponto às práticas de Lira nos últimos anos, prometeu dar previsibilidade à pauta e às definições de sessões remotas. Também afirmou que vai fortalecer as comissões temáticas e diversificar a indicação de relatores.
Frente ampla
Sucessor de Lira, a candidatura de Motta ganhou tração depois da desistência de Marcos Pereira (SP), presidente nacional do Republicanos e então 1° vice-presidente da Câmara. Desde 2023, o deputado ensaiava se candidatar para presidente da Casa, mas recuou da ideia em prol de Hugo Motta.
Seu candidatura foi oficializada depois de Lira preterir o deputado Elmar Nascimento (União-BA), que até a metade de 2024 era apontado como o favorito para a sucessão na Câmara.
A frente ampla formada em apoio a Motta envolveu também a desistência do líder do PSD, Antonio Britto (BA). Ambos saíram da disputa após a negociação e a promessa de cargos aos seus partidos.
Com nome consolidado na disputa, Motta reuniu o endosso de congressistas e empresários, em especial do setor do agronegócio que tem a maior bancada do Congresso.
História
Com Hugo Motta, esta será a 20ª vez que um deputado do Nordeste assume o cargo de presidente da Câmara na história da República. Outros dois deputados da Paraíba já ocuparam a cadeira: Efraim Moraes (PFL), entre 2002 e 2003, e Samuel Duarte (PSD), de 1947 a 1949.
Na maior parte do tempo, a Câmara dos Deputados foi presidida por deputados da região Sudeste: 16 vezes por São Paulo, 12 de Minas Gerais, 7 do Rio de Janeiro e 4 do Rio Grande do Sul.