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Novo procurador-geral da República apoia investigar presidente

A PF e a Procuradoria têm divergido em relação ao formato de delação premiada, tema que virou até ação no Supremo de autoria de Rodrigo Janot. (Foto: AE)

Embora divirjam sobre vários temas internos do Ministério Público Federal, oito candidatos à sucessão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, concordam que, havendo indícios de crimes praticados pelo presidente da República no exercício do mandato, como os citados pelo empresário Joesley Batista, do Grupo J&F, sobre Michel Temer, é necessária a abertura de uma investigação.

Apontada como favorita, Raquel Dodge afirmou que a abertura de investigação diante de indícios de crime é “obrigação do titular da ação penal” que deve solicitar a avaliação da necessidade da investigação do STF.

Em debate, Sandra se posicionou contra a investigação de crimes praticados antes do mandato, e Raquel considerou que nesses casos também é possível realizar a investigação, mas sem apresentar a denúncia.

Com esse posicionamento, se eleita, Raquel seria a favor de que Temer fosse investigado pelos crimes pelos quais foi acusado na delação da Odebrecht e também pelos outros supostos delitos citados no acordo de colaboração dos executivos da JBS. Na Odebrecht, Temer foi acusado de pedir US$ 40 milhões em propina e na JBS aparece apontado como destinatário de repasses irregulares para suas campanhas.

O subprocurador Eitel Santiago defendeu a investigação, mas evitando uma apuração “escandalosa”.

Lista

Raquel é vista como favorita, e estariam no páreo os candidatos Mário Bonsaglia, Ela Wiecko e Nicolao Dino. A eleição será na terça-feira (27).

Nicolao Dino

Apontado como o mais próximo de Janot, notabilizou-se por pedir a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no TSE, ingressou no MPF em 1991. É subprocurador-geral da República e vice-procurador-geral eleitoral. Foi do Conselho Nacional do Ministério Público e coordenou a Câmara de Combate à Corrupção do MPF. É mestre em direito pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e professor da UnB.

Ela Wiecko

Conhecida por ligação com a causa indígena. Deixou de ser vice de Janot após participar de um protesto anti-impeachment. Ingressou no MPF em 1975. É subprocuradora-geral da República, atua no STF na área cível. Foi vice-procuradora-geral da República no mandato de Rodrigo Janot e já coordenou a Câmara de Direitos Indígenas. É doutora em direito e professora na UnB (Universidade de Brasília).

Franklin Rodrigues da Costa

Candidatura surpreendeu parte dos procuradores, pois foi vista como inesperada. É tido como “outsider”. Ingressou no MPF em 1989. É subprocurador-geral da República. Foi procurador eleitoral e dos direitos do cidadão. Atuou com direitos humanos e apurou tortura e grupos de extermínio.  Formado em comunicação e direito e pós-graduado pela UnB.

Mario Luiz Bonsaglia

Faz críticas pontuais à gestão de Janot. Em 2015, ficou em segundo lugar na lista tríplice. Ingressou no MPF em 1991. É subprocurador-geral com atuação criminal no STJ. Coordena a Câmara que trata do sistema prisional e do controle externo da PF. Foi do Conselho Nacional do Ministério Público e procurador regional eleitoral em SP. É doutor em direito do Estado pela USP.

Carlos Frederico dos Santos

Concorreu em 2015, quando fez forte oposição a Rodrigo Janot e ficou fora da lista tríplice. Diz que a Lava Jato precisa ser mais eficaz. Ingressou no MPF em 1991. É subprocurador-geral da República com atuação na área criminal no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Presidiu a Associação Nacional dos Procuradores da República de 1999 a 2003, quando a lista tríplice foi criada. É mestre em direito e especialista em direito público.

Eitel Santiago de Brito Pereira

Concorreu pela última vez em 2009. Era do grupo do ex-procurador-geral Geraldo Brindeiro (1995-2003). Ingressou no MPF em 1984. É subprocurador-geral da República e atua no STJ. Já oficiou em processos cíveis no STF (Supremo Tribunal Federal) e foi corregedor-geral do Conselho Superior. É professor de direito constitucional da UFPB e mestre em Constituição e Sociedade pelo IDP.

Raquel Elias Ferreira Dodge

Faz oposição moderada a Janot e diz que a Lava Jato precisa ser célere. Em 2015, ficou em terceiro lugar na lista tríplice. Ingressou no MPF em 1987. É subprocuradora-geral da República com atuação no STJ na área criminal. Coordenou a Câmara Criminal e atuou na operação Caixa de Pandora (2009), que revelou o mensalão do DEM. É mestre em direito pela Universidade Harvard (EUA).

Sandra Cureau

Declara-se de oposição a Janot. Ingressou no MPF em 1976 e já ocupou muitos cargos. Hoje é menos conhecida entre os procuradores jovens. É subprocuradora-geral da República e integra a comissão examinadora de concursos para procurador da República. Foi vice-procuradora-geral da República e vice-procuradora-geral eleitoral, com atuação perante o STF e o TSE. Fez mestrado na Uerj e é doutoranda em direito na Universidade de Buenos Aires (Argentina).

 

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