Uma quadrilha internacional tem aplicado um golpe em pessoas que tentam vender objetos online e feito vítimas no Brasil inteiro. O designer gráfico Alex Sander, 49 anos, morador de Franca (SP), foi uma delas: após anunciar, no portal OLX, uma câmera fotográfica Canon T2i usada, fechou negócio com uma compradora que pedia que ele enviasse o produto para a Nigéria. A transação financeira seria feita pelo Paypal:
“Recebi um e-mail idêntico ao do Paypal, dizendo que a nova política era alienar o pagamento até que eu enviasse o código de rastreio”, revelou, em entrevista ao jornal O Globo.
Sander fez a postagem, mas depois de dois dias o pagamento ainda não estava disponível em sua conta. Foi então que procurou os Correios para reaver o bem, que já havia sido enviado. O prejuízo foi de R$ 1.700.
O geógrafo Eric Vidal, 31 anos, também chegou a postar uma câmera para o endereço indicado pela quadrilha, mas conseguiu recuperar o item antes que saísse da agência do Rio de Janeiro. A perda, nesse caso, foi apenas do valor do frete, de R$ 115, que não foi reembolsado. Ao contrário da estudante carioca Emilly Silva, de 20 anos, que teve um grande prejuízo ao tentar vender um Iphone 6plus. De acordo com a jovem, uma mulher supostamente de Santa Catarina entrou em contato e quis adquirir o telefone para presentear o marido, que estaria morando na Nigéria.
Junto ao comprovante de transferência de um banco internacional, Emilly recebeu a informação de que o montante estaria disponível em sua conta em 72 horas, caso mandasse o documento de envio do aparelho, e seguiu as instruções. Quando se deu conta do golpe, entrou em contato com os Correios, mas o celular já estava no outro país.
Segundo a Polícia Civil, casos assim são registrados como estelionato. Portanto, não há estatísticas específicas sobre quantos indivíduos já foram lesados. O advogado Dori Boucault, especialista em direitos do consumidor e do fornecedor, explica que em negociações entre pessoas físicas, caso haja algum problema, não adianta entrar em contato com o Procon. Deve-se recorrer à Polícia Civil para registrar um boletim de ocorrência (B.O.) e, posteriormente, entrar com uma ação no juizado criminal contra o estelionatário e contra o site onde foi realizada a negociação.
“Guarde todos os prints, conversas e e-mails que possam ajudar a rastrear o criminoso. Mas, antes da ação, tenha certeza de que se trata de um golpe e de que a pessoa não teve apenas um problema com o depósito”, aconselhou.
Ainda segundo o advogado, entretanto, quando o golpista é de outro país, o procedimento se torna bem mais trabalhoso. Depois do boletim de ocorrência, a questão é direcionada à Polícia Federal (PF), que envia um pedido de investigação para a embaixada no local.
OLX
A OLX alertou, por meio de nota, que é uma plataforma local e que transações que envolvam outros países não são recomendadas, devendo ser tratadas com extrema cautela. A empresa ainda ressaltou que sua atividade consiste na oferta de espaço para que usuários possam anunciar e encontrar produtos e serviços de forma rápida e simples, mas que toda negociação é realizada fora do ambiente do site.
Portanto, recomenda que, antes de se encontrar com o comprador, o internauta busque informações sobre ele (nome completo, lugar onde mora ou trabalha, telefone) e, com tais dados, faça uma pesquisa nas mídias sociais. Além disso, deve-se evitar enviar o produto para fora do país.
A respeito das formas de pagamento, a OLX aconselhou esperar a compensação de cheques e, em casos de depósitos ou transferências bancárias, a confirmação de que o dinheiro está disponível na conta para depois entregar o item.
Dicas
1- Verifique as informações do perfil do comprador e se a conta foi criada recentemente. Criminosos dificilmente passam muito tempo com o mesmo perfil.
2- Cuidado com o comprador que tentar levar a negociação para fora do site.
3- Desconfie de mensagens escritas com diversos erros e com pressa excessiva na conclusão do negócio.
4- Calma na conclusão da venda e no envio do produto. Sempre prefira que o pagamento seja efetivado pelos meios oferecidos pela plataforma.
5- Atente-se a e-mails estranhos e confira todas as etapas no aplicativo ou no site de compra e venda. É nesta etapa que a maioria dos golpes é concluída! Para se precaver, verifique se o e-mail realmente é da companhia de meio de pagamento: grandes empresas têm seu próprio domínio, ou seja, o e-mail será @nomedaempresa.
6- Caso se sinta inseguro, entre em contato com a plataforma e peça que verifiquem as etapas da transação.