Segunda-feira, 18 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 18 de novembro de 2024
Naquela que foi a primeira visita de um presidente em exercício dos Estados Unidos à Amazônia, Joe Biden disse que “a luta contra a mudança climática” é a causa da sua passagem pela Casa Branca.
No meio da selva amazônica, onde sobrevoou logo depois de desembarcar em Manaus (AM), Biden confirmou o aporte de 50 milhões de dólares para o Fundo Amazônia. “A luta contra a mudança climática vem sendo a causa da minha presidência. Não é preciso escolher entre economia e meio ambiente. Nós podemos fazer as duas coisas”, destacou Biden.
Para que valor milionário chegue aos cofres do Fundo Amazônia, porém, o repasse terá que ser aprovado pelo Congresso norte-americano, que será majoritariamente republicana a partir do ano que vem.
Na coletiva, Biden destacou a necessidade de preservação do que chamou de “lugar sagrado”. “Costuma-se dizer que a Amazônia é o pulmão do mundo. A Amazônia é o pulmão do mundo. Mas, em minha visão, nossas florestas e maravilhas naturais são o coração e a alma do mundo […] A Floresta Amazônica foi formada ao longo de 50 milhões de anos. A história literalmente nos observa agora. Então, vamos preservar este lugar sagrado, em nosso tempo e para sempre, para o benefício de toda a humanidade“, disse Biden.
Biden esteve acompanhado de uma série de lideranças locais e especialistas no clima. Entre eles, estava o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Henrique dos Santos Pereira; o diretor do Museu da Amazônia (Musa), Filippo Stampanoni; a liderança do povo Kokama, Altaci Kokama; e o CEO da Mombak, empresa de projetos ligada ao mercado de crédito de carbono, Peter Fernandez.
Investimentos
Apesar da cifra, os valores totais destinados pelos Estados Unidos ao Fundo Amazônia são menores do que o esperado. O próprio Biden prometeu, no início de 2023, que pretendia injetar 500 milhões de dólares ao Fundo, em cinco anos.
Se o democrata se mantivesse na presidência, o horizonte seria mais favorável aos investimentos no Fundo. Acontece que a mudança de paradigma no poder norte-americano – com a chegada de Donald Trump à Casa Branca, cético sobre a necessidade de investimentos contra a crise climática – pode comprometer a participação dos EUA no projeto.
A própria ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, chamou a atenção para o fato de que a promessa dos EUA de doarem os 50 milhões de dólares anunciados devem ser “de Estado”, não estando condicionada à iminente mudança de governo.
“Os EUA tinham se comprometido com os US$ 50 milhões e o Brasil está na expectativa da internalização desses recursos. Afinal de contas, é um compromisso de Estado que não pode mudar porque mudou o governo”, disse Marina, em entrevista ao portal Poder360.
Até o momento, os EUA já contribuíram com o projeto em duas oportunidades: a primeira, em dezembro de 2023, com 3 milhões de dólares; e a segunda, em agosto deste ano, com 47 milhões de dólares. Os dados são do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), que é responsável por gerir o Fundo Amazônia.
Faltando pouco mais de dois meses para deixar a presidência dos EUA, dando passagem à volta do republicano Donald Trump ao poder, Biden disse que pretende deixar um “legado forte” ao seu sucessor.
“Estou saindo da presidência em janeiro e vou deixar ao meu sucessor uma base muito forte, se eles decidirem seguir esse caminho. Alguns podem negar ou atrasar a revolução de energia limpa que vem acontecendo nos EUA, mas ninguém pode revertê-la”, afirmou.